O prefeito Fuad Noman (PSD) tem sido rotineiramente procurado por aliados para ouvir reclamações contra o secretário municipal de Política Urbana, João Antônio Fleury. Na semana passada, o jornal ‘O Tempo’ mostrou, e O Fator confirmou, que setores do mercado acenaram que poderiam desembarcar do apoio à reeleição do prefeito caso Fleury continuasse mandando na pasta, responsável pela regulação e fiscalização de, entre outras coisas, empreendimentos imobiliários na capital.
A reportagem soube que vereadores da base, empresários e até mesmo secretários da prefeitura já alertaram Fuad sobre o descontentamento geral com a atuação de Fleury. Na avaliação de interlocutores, a principal reclamação é que o chefe da pasta de Política Urbana é de difícil trato nas conversas sobre investimentos e empreendimentos na cidade.
No início do mês, Fleury chegou a exonerar a secretária-adjunta da pasta, Lívia Monteiro, como um sinal de que poderia promover mudanças no modelo gestão da secretaria, mas ficou só nisso. Lívia, assim como boa parte da equipe da pasta, é oriunda da chefia anterior da Política Urbana, de Maria Caldas, durante a gestão Alexandre Kalil.
O descontentamento não se limita à classe empresarial. Setores da inclusão produtiva como ambulantes, feirantes e bancas de jornais reclamam abertamente da postura do secretário em reuniões e das dificuldades de debaterem questões que inclusive já foram definidas em lei pela Câmara.
Um ponto primordial pela insatisfação dos setores e aliados é a postura irredutível de Fleury quanto ao projeto de lei 660/2024, que tramita na Câmara e deve ir à votação em segundo turno na semana que vem. O texto prevê mudanças que facilitariam o ambiente de negócios imobiliários na capital. Fleury é contra e, desde o início da tramitação da proposta, emite pareceres contrários, orientando a base a votar contra.
O curioso é que, apesar dos pareceres do secretário e da pressão, boa parte da base de Fuad não escutou Fleury e votou pela aprovação do projeto em primeiro turno. A propósito, a reportagem apurou que o secretário não ficou sabendo da votação, realizada em maio, na época da apreciação. Ele foi informado recentemente, em julho, quando a pauta do segundo turno passou a tramitar.
Na semana passada, O Fator mostrou que a prefeitura já elaborou um plano para não expor politicamente a base e evitar dores de cabeça provocadas pelo secretário. Já que Fleury é irredutível quanto ao projeto, o Executivo vai manter a posição e orientação contra o texto – que fatalmente será aprovado pelos vereadores e, quando chegar ao prefeito, deve ser vetado. O veto, voltando para a Câmara, será barrado – e a nova lei promulgada pela Casa. Um presente e tanto de Fuad e Fleury para o presidente da Casa, Gabriel Azevedo (MDB).
Procurado para se manifestar sobre a atuação de João Antônio Fleury, o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon) não quis se posicionar.