Cleitinho Azevedo, o barulhento senador mineiro, eleito com estrondosos 4.27 milhões de votos, e que muda de partido (PPS – Cidadania – PSC – Republicanos – esqueci de algum?) com a mesma velocidade com que denuncia tudo e todos – muitas vezes, inclusive, de forma exagerada – negocia sua ida para o partido Novo.
Opinião e bumbum cada um tem os seus. E gosto, também. Particularmente, gosto bastante desse rapaz, ainda que considere seus mandatos muito mais ruidosos que produtivos, e que desgoste muito da forma reducionista-sensacionalista de suas causas. Talvez lhe falte conteúdo, talvez lhe falte assessoria, talvez lhe falte traquejo. Enfim.
Fato é que Cleiton Gontijo de Azevedo defende, com unhas e dentes, literalmente, causas populares, ainda que populistas, e conecta-se com o eleitor como poucos, justamente, talvez, pelo jeito que me desgosta. Por isso tem minha admiração, como até um certo, digamos, carinho, pela simplicidade e pelo esforço visível que faz para progredir.
UNIÃO DE FACHADA
Muitos se perguntam – e eu também! – o que, afinal, ganham Cleitinho e o Novo com a possível união? Como visto, fidelidade partidária não é o forte do moço. Por outro lado, um partido conhecido (e reconhecido) como elitista e abrigo de “mauricinhos e patricinhas”, não me parece a melhor casa para alguém com um perfil tão simplório e radical.
Hoje, porém, ao ler a coluna do meu amigo-mestre-irmão, e agora colega de bancada na 98, Paulo Leite, que antecipou a escolha – segundo ele – de Luiza Barreto e Lucas Gonzalez como pré-candidatos à Prefeitura de BH pelo Novo, uma ideia me pipocou à cabeça oca, envolta pela calva mais brilhante da cidade depois de Antônio Claret Junior.
O Partido Liberal (PL), antro da extrema direita do País, com algumas poucas – e boas! – exceções, trabalha freneticamente (com forte pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro) para convencer o deputado federal Nikolas Ferreira (eis aí uma não-exceção) a também disputar a chefia do executivo de Belo Horizonte, no lugar do “pato manco” Bruno Engler.
MINHA TESE
Neste caso, convenhamos, o que sobra de conteúdo, capacidade técnica, bons modos e valores à dupla do Novo, falta ao jovem raivoso reacionário bolsonarista, que, em compensação, eleitoralmente falando – que é o que importa – daria uma sova maior que os 7×1 da Alemanha no Brasil, em 2014, nos escolhidos de Romeu Zema.
Assim, tudo o mais constante e noves fora nada, Cleitinho serviria como contraponto de peso, um cabo eleitoral à altura de “Nicole” (sim, realmente não gosto nem um pouco desse rapaz), em um hipotético embate no ano que vem. Porém, se este for o ganho dos “sapatênis”, fica a pergunta: o que ganharia Cleitinho?
Aliás, neste sentido, sua identificação com os estratos mais carentes da sociedade traria, também ao Novo, grandes benefícios, já que o tornaria mais palatável, mas a ele, apenas malefícios. Cleitinho correria o sério risco de ir parar numa espécie de limbo eleitoral (nem lá nem cá), perdendo, também, a própria identidade.
SUCESSÃO DE ZEMA
Aqui e acolá, especulam alguns a resposta: o senador seria o candidato do Novo ao governo de Minas em 2026. Didi Mocó Sonrisal Colesterol Novalgino Mufumbbo diria: “cuma”? E eu reforço: como? Sim, porque custo a acreditar em tamanha irresponsabilidade para com o estado, além de uma traição inenarrável com Mateus Simões.
Cleitinho poderia ser tudo (no melhor dos sentidos), menos o governador de Minas de Gerais. Aliás, nem sequer minimamente perto disso. Ao menos enquanto não adquirir – e reunir – habilidades e virtudes que, hoje, está anos-luz distante de possuir. E quem fala isso, repito, é alguém que gosta e tem carinho por esse garoto.
Atenção: minha tese refere-se apenas ao ganho do Novo, trazendo Cleitinho. A viagem acima, escutei por aí, de alguns doidos que costumam errar “feio e bastante” como diria o genial Frejat. Sinceramente, como já disse, não creio em tamanha irresponsabilidade (com Minas) e traição (a Simões). Mas também “no creo en brujas”, se é que me entendem.