Vereador de BH vai pagar R$ 667 mil em acordo na Justiça para manter mandato e direitos políticos

Bruno Miranda (PDT) foi condenado por uso irregular de verba indenizatória
Vereador Bruno Miranda (PDT), líder do Governo na Câmara Municipal, durante reunião ordinária
Bruno Miranda foi acusado pelo MPMG de ter utilizado a verba indenizatória da Câmara de forma indevida. O processo começou em 2011. Foto: Karoline Barreto/CMBH

O vereador Bruno Miranda (PDT) assinou, na última quinta-feira (8), um acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) no qual se compromete a pagar R$ 667 mil aos cofres públicos “em troca” de manter seu atual mandato e preservar seus direitos políticos, incluindo a possibilidade de concorrer à reeleição.

O Acordo de Não Persecução Civil (ANPC) encerra um processo de improbidade administrativa que se arrastava desde 2011 contra o parlamentar. O caso envolvia o uso indevido de verbas indenizatórias para despesas consideradas ilícitas.

Na sentença do caso, Miranda foi condenado a devolver cerca de R$ 220 mil (cerca de R$ 606 mil, com a correção monetária atual) e perder os direitos políticos por oito anos, além de ter o mandato cassado. O processo tramitou por anos entre recursos e instâncias diferentes. Agora, com o acordo, o MP, a Justiça e o parlamentar concordaram que o pagamento é o suficiente.

Principais pontos do acordo:

  1. Restituição: Bruno Miranda pagará R$ 606.513,58 ao município de Belo Horizonte, valor correspondente ao montante inicial corrigido monetariamente.
  2. Multa civil: Pagamento adicional de R$ 60.651,35, equivalente a 10% do valor a ser restituído.
  3. Forma de pagamento: O total será quitado em 84 parcelas mensais de R$ 7.942,43.
  4. Suspensão de sanções: Durante o cumprimento do acordo, ficam suspensas as sanções de suspensão dos direitos políticos e proibição de contratar com o Poder Público.
  5. Manutenção do mandato: O vereador não perderá seu mandato eletivo, como previa a sentença original.

O MPMG considera que esta solução negociada é mais efetiva na defesa do patrimônio público e da moralidade administrativa do que a continuidade do processo judicial. Para o vereador, o acordo oferece uma oportunidade de reparação sem as consequências mais severas da condenação original.

A ação que resultou no acordo foi feita pelo MPMG em 2011 e tinha como alvos todos os 41 vereadores da legislatura 2009-2012. Na época, os promotores afirmaram que os parlamentares haviam utilizado a verba indenizatória de forma inadequada, utilizando os recursos para fins diversos do que o regimento da Casa, na época, autorizava.

De todos os 41 vereadores denunciados, somente dois foram condenados: Bruno Miranda e Reinaldo Gomes. Todos os outros conseguiram cair com as acusações ao longo do processo.

A verba indenizatória da Câmara de BH foi extinta em 2017. No lugar, entraram contratos para o fornecimentos dos serviços aos vereadores que são feitos pela própria diretoria da Casa.

Em conversa com O Fator, Bruno Miranda pontuou a necessidade de assinar o acordo. “Foi um processo muito triste, porque atingiu todos os vereadores daquela legislatura mas fui um dos únicos dois condenados. O acordo com a Justiça e o MP foi o melhor caminho a se fazer”, diz.

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