Mais velho entre os mais de 890 moradores de Belo Horizonte que apresentaram candidaturas à Justiça Eleitoral neste ano, o servidor público aposentado Antônio de Almeida Lima entrou para a política por causa da influência do pai, dirigente de uma seção de bairro do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Também filiado à legenda, Almeida, de 85 anos, é um dos dois concorrentes do PCB às vagas da Câmara Municipal.
O candidato a vereador, que vai aparecer nas urnas sob o nome de “Almeidão do Partidão”, em referência ao apelido que o PCB carrega nos círculos de esquerda, faz uma campanha voltada a demandas do funcionalismo público. Os trabalhadores da educação também estão no foco de atenção do militante comunista.
“Sou candidato para dar uma contribuição à luta pelos interesses do povo”, diz, a O Fator.
Almeida, que sempre militou no PCB e afirma que ficará nos quadros do partido “até morrer”, atribui sua participação política aos momentos que vivenciou na juventude. Ele e a família moravam no Bairro Concórdia, erguido na Região Nordeste da cidade para abrigar, sobretudo, trabalhadores que desembarcaram em BH para ajudar na construção da nova capital de Minas Gerais.
“Eu acompanhava todos os movimentos do partido no bairro. Entregava jornais, levava mensagens e marcava reuniões, pois, na época, telefone era para poucos. Participei de reuniões e comícios. Sempre lutei a favor de uma mudança social em prol dos trabalhadores e da igualdade”, conta.
De volta ao palanque do PT
Embora tenha surgido como uma força política relevante do Brasil nos anos de 1920, o PCB encolheu ao longo dos anos. Na época da ditadura, a agremiação foi posta na ilegalidade.
Depois, precisou lidar com o surgimento de outras forças à esquerda, como o PT, e a formação de dissidências internas ajudam a explicar a redução do tamanho da sigla. Uma das fraturas internas aconteceu na década de 1990, quando o grupo de Roberto Freire deixou a legenda para fundar o PPS — que caminhou rumo ao Centro ao longo dos anos e, hoje, é chamado de Cidadania.
PCB e PT caminharam juntos na primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, mas depois se distanciaram. Em Belo Horizonte, os partidos estão lado a lado neste ano: os comunistas dão apoio à candidatura do petista Rogério Correia a prefeito. A aliança pôs fim a um hiato de duas décadas, uma vez que o último candidato do PT ao Executivo belo-horizontino apoiado pelo partido foi Fernando Pimentel, em 2004.
Nesse ínterim, Almeida chegou a disputar uma eleição majoritária: foi candidato a vice-prefeito de Maria da Consolação, do Psol, em 2012. Em 2024, além dele, a outra candidata do PCB à Câmara de BH é a doula Renata Regina, que disputou o governo do estado em 2022.