Como a disputa pela Prefeitura de BH colocou o Sindicato dos Jornalistas de Minas sob pressão

Entidade enfrentou questionamentos por ceder espaço a evento que vai defender ‘voto útil’ no primeiro turno
A presidente do sindicato, Lina Rocha, precisou até interromper um afastamento por razões médicas para entrar em cena e ajudar a contornar o problema | Foto: Reprodução - SJPMG

Dois eventos relacionados à disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que, inicialmente, não tinham ligação entre si, mas que acabaram encontrando relação de causa e efeito, colocaram o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJP-MG) sob pressão. A diretoria da entidade teve de fazer uma reunião extraordinária para debater a questão, que tem como cerne a adesão de setores da esquerda e da centro-esquerda a uma campanha pelo “voto útil” em Fuad Noman (PSD) e o descontentamento de aliados de Rogério Correia (PT) com o movimento.

A presidente do sindicato, Lina Rocha, precisou até interromper um afastamento por razões médicas para entrar em cena e ajudar a contornar o problema.

A primeira tensão veio após a equipe de Rogério mover quatro ações judiciais contra jornais de Belo Horizonte por causa de matérias que apontavam a decisão de setores da centro-esquerda e da esquerda de defender o chamado “voto útil” em Fuad.

O sindicato, inclusive, chegou a emitir nota criticando a decisão de Rogério, que protocolou processos contra os periódicos “O Tempo” e “Estado de Minas”.

Ante a repercussão negativa, Rogério determinou a retirada dos processos. Aliados do petista, aliás, atribuem a culpa pelos processos ao escritório de advocacia que atua na campanha.

Mesmo com o recuo, ainda havia um “bode na sala”: a reserva da Casa dos Jornalistas, espaço anexo à sede do sindicato, no Centro de BH, para um evento que vai oficializar, nesta quinta-feira (26), o movimento pelo voto em Fuad. O evento, batizado de “Por uma BH democrática, progressista e popular”, tem a participação de grupos como a bancada de deputados estaduais do Partido Verde (PV) — que, a despeito de estar formalmente na coligação de Rogério, resolveu aderir à chapa do PSD.

A publicação da nota de repúdio às ações protocoladas por Rogério e a realização de um evento que prega a transferência de votos do petista a Fuad fez com que parte dos filiados ao Sindicato dos Jornalistas passasse a questionar a pertinência da cessão de um espaço da entidade ao movimento dissidente.

“Havia o receio de que parecesse um aparelhamento do sindicato contra Rogério. Mas nossa entidade é apartidária e atua na defesa da categoria”, diz Lina Rocha, a O Fator.

Como o sindicato tem, em seu quadro de filiados, profissionais que atuam em partidos de orientação progressista, houve questionamentos sobre uma possível precipitação do debate sobre o “voto útil”. Em sentido oposto, surgiram defensores do movimento, temendo um segundo turno entre Mauro Tramonte e Bruno Engler, filiados, respectivamente, a Republicanos e PL, agremiações identificadas com a direita.

Em meio ao impasse, o cancelamento do evento foi levado à votação. “Sou a presidente, mas toda decisão do sindicato é colegiada, votada por toda diretoria”, explica Lina.

Vaivém


Na segunda-feira (23), a diretoria do sindicato se reuniu por videoconferência e a maioria decidiu por suspender a realização do evento. Mas, quando Lina comunicou a decisão da entidade, recebeu críticas em sentido contrário, que versavam sobre uma preferência e proteção à candidatura do candidato petista.

“Isso em uma semana em que tivemos que nos posicionar sobre tentativas de censura à categoria”, ironiza a presidente. Na nota, a entidade destacou que não apóia nenhum candidato no primeiro turno e nem é favorável a voto útil.

A coordenação do evento até começou a procurar outros espaços. O Teatro da Cidade, nas proximidades da sede do sindicato, chegou a ser cogitado. Apesar disso, a entidade, alinhada à tradição mineira da conciliação, encontrou uma alternativa e direcionou o ato em apoio a Fuad a um outro espaço nas dependências de sua sede, a Casa Matriz, mas que é um local terceirizado.

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