A escalada da animosidade entre dois deputados petistas tem como pano de fundo a eleição interna pelo comando do diretório estadual do PT em Minas.
Rivais internos no PT há anos, Rogério Correia e Reginaldo Lopes passaram, nas últimas semanas, a levar a público suas divergências. Nesta terça-feira (22), foi vez de Correia publicar em suas redes sociais um texto em que afirma que Lopes “parecer torcer contra” o partido.
“Nosso amigo só se preocupa em dizer que o PT perdeu, parece que torce contra, pois na hora de ajudar que é bom, nada”, escreveu Correia, fazendo referência ao fato de que Reginaldo teria priorizado participar de campanhas municipais pelo interior de Minas ao invés de ajudar na campanha de Rogério a prefeito de Belo Horizonte.
Na publicação nas redes, Correia repercutia uma publicação do historiador e ex-dirigente do PT Valter Pomar, que critica Reginaldo Lopes por entrevista em que afirma que o PT precisa rever sua posição quanto ao agronegócio.
Reginaldo Lopes de fato tentou articular que o PT apoiasse a reeleição de Fuad Noman (PSD) ao invés de lançar uma candidatura própria, mas foi vencido internamente depois que a tesoureira nacional do partido, Gleide Andrade, apoio a candidatura de Rogério.
Internamente, no PT, se comenta que Gleide e Rogério possuem um acerto informal e podem se unir em uma candidatura indicada pela tesoureira para a presidência do PT estadual. A disputa interna vai ocorrer em 2025. No texto desta terça-feira, Rogério chega a citar a disputa. “Se prevaleceram as críticas do companheiro, nosso partido iria virar um centro, ou CENTRÃO e amigo do agronegócio. (Valter) Pomar pegou uma parte, mas os acenos ao mercado são muito maiores. No PED (eleição interna do PT) trataremos disto com cuidado”, escrever Correia.
Atualmente, o diretório mineiro do PT é presidido pelo deputado estadual Cristiano Silveira, ligado a Reginaldo Lopes.
No dia da eleição do primeiro turno, 12 de outubro, Reginaldo Lopes publicou em suas redes análise em que pontuava que a performance do PT havia sido “decepcionante”, e que o partido precisaria de “ajustes práticos”. A mensagem repercutiu – bem e mal – dentro do partido.
“A performance decepcionante do partido do presidente mais icônico da história do Brasil expõe nossa desconexão com a realidade. O mundo mudou e novas demandas surgiram. Precisamos nos reinventar para conectar com a juventude, trabalhadores urbanos e rurais, mulheres e empreendedores que movem a economia. Sem isso, estamos condenados ao fracasso. O legado do Lula é grande, mas a força do partido precisa de ajustes práticos. O momento de mudança é agora”, escreveu o deputado petista.