A educação brasileira está estagnada há décadas. Apesar dos avanços tecnológicos, das promessas políticas e das inúmeras reformas anunciadas, os resultados não aparecem. Dados alarmantes sobre o desempenho educacional do país continuam a apontar para um abismo entre o Brasil e as nações desenvolvidas. A última edição do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) coloca o Brasil entre as últimas posições em matemática e leitura, com desempenho semelhante a países de renda muito inferior. A taxa de analfabetismo funcional – onde quase 30% dos brasileiros com mais de 15 anos são incapazes de interpretar um texto simples – revela que, mesmo após anos de escolaridade, milhões de pessoas não adquirem habilidades básicas.
O impacto disso na nossa economia é visível. A baixa produtividade brasileira, um dos grandes entraves ao nosso desenvolvimento, tem raiz profunda nas nossas deficiências educacionais. É como se estivéssemos presos em um círculo vicioso: trabalhadores mal preparados geram menos valor, e essa baixa produtividade impede o crescimento econômico sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Enquanto países como Coreia do Sul e China transformaram suas economias por meio de investimentos pesados em educação, o Brasil parece ter perdido o bonde da história.
Nosso bônus demográfico, que foi celebrado como a oportunidade de ouro para o crescimento, está se esvaindo. Hoje, ainda temos uma população relativamente jovem, o que nos dá uma última chance de investir em capital humano e transformar o futuro do país. No entanto, sem uma educação de qualidade, esse potencial se perde. Em vez de termos jovens inovadores e preparados para os desafios da economia do conhecimento, enfrentamos uma geração que, em grande parte, sai das escolas sem o preparo necessário para o mercado de trabalho e para a vida.
A evasão escolar é outro indicador assustador. Milhares de jovens abandonam a escola antes de completarem o ensino básico, muitos por falta de perspectiva. O sistema educacional não só falha em manter esses alunos motivados, mas também em fornecer o conhecimento prático que eles tanto necessitam. Os currículos, muitas vezes, estão distantes da realidade do mercado de trabalho e das exigências do mundo contemporâneo.
Se o Brasil quer ter alguma chance de reverter esse quadro, a educação deve ser a prioridade. E não qualquer tipo de educação, mas uma que prepare nossos jovens para o futuro. Investir em uma educação empreendedora, que fomente a criação de novos negócios, é um passo crucial. Além disso, áreas como lógica, robótica e matemática são fundamentais para uma sociedade que busca se inserir nas novas cadeias globais de valor. O domínio de línguas estrangeiras, especialmente o inglês, é indispensável para que nossos jovens possam competir em um mercado global cada vez mais interconectado.
Estamos, literalmente, no último trem. Esta é a nossa última janela de oportunidade para aproveitar uma população ainda jovem e capaz de transformar o país. Se falharmos em investir corretamente agora, o Brasil corre o risco de continuar preso em um ciclo de pobreza e baixa produtividade, perpetuando nossas desigualdades e subdesenvolvimento. O tempo é curto e as oportunidades são limitadas, mas com o foco certo, ainda é possível reverter esse quadro.
Este trem pode ser a chance final de colocarmos o Brasil nos trilhos da competitividade global. Se continuarmos a negligenciar a educação, perderemos mais do que crescimento econômico: perderemos o nosso futuro.