O advogado Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secom no governo Bolsonaro, disse a O Fator nesta segunda-feira (9) que as “três páginas” a que o ex-presidente se refere em vídeos recentes são de inquérito da PF aberto em 2018 para apurar um ataque hacker a sistemas do TSE.
Bolsonaro citou as “três páginas” de maneira misteriosa nesta quinta (5) e sábado (7), em vídeos divulgados para criticar reportagens de O Globo.
“Polícia Federal, vocês apreenderam muita coisa na minha mesa. Inclusive três páginas de um inquérito. É isso mesmo? Vazem essas três páginas do inquérito”, pediu, na quinta (5), reagindo à reportagem ‘Polícia Federal apreende contrato de reforma de R$ 900 mil em casa de Bolsonaro declarada por R$ 98.500’.
Bolsonaro não diz no vídeo qual inquérito é esse, nem por que deixou em sua mesa três páginas.
No sábado, o ex-presidente retomou o assunto.
“Polícia Federal (…) Estou aguardando o vazamento daquelas três páginas daquele inquérito de 2018”, disse.
O inquérito é um dos assuntos favoritos de Bolsonaro. Em 4 de agosto de 2021, mesmo dia em que deu uma entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro divulgou nas redes várias peças desse inquérito. Em várias ocasiões, Bolsonaro voltou a citar o inquérito para semear dúvidas sobre as urnas eletrônicas.
Ainda em 2021, em nota, o TSE afirmou que o ataque hacker “não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018”, e relembrou que as urnas não ficam em rede.
O ataque foi revelado ainda no fim de 2018 pelo site TecMundo.
Não custa lembrar: Bolsonaro venceu a eleição de 2018.
Wajngarten não respondeu por que o ex-presidente tinha em sua mesa só três páginas do inquérito, nem por que a PF deveria vazá-las, já que o próprio Bolsonaro publicou nas redes, em 2021, várias peças da investigação.
A Polícia Federal não respondeu a nossas perguntas.
No vídeo de quinta passada (5), Bolsonaro também diz ter pago “em Pix” os R$ 900 mil em reformas na casa de Angra dos Reis.
Em 2022, Bolsonaro declarou ao TSE um total de R$ 2,3 milhões em bens, a maior parte em imóveis.
Somando depósitos bancários e poupança, o então candidato declarou pouco mais de R$ 907 mil – só um pouco mais do que o valor da reforma no ano seguinte.