A Livraria Cultura acumulou 500 reclamações não respondidas nos últimos seis meses no site Reclame Aqui, a maioria sobre produtos não recebidos e atrasos na entrega. A empresa, que está em recuperação judicial, também não responde em outras formas de contato, como telefone, e-mail, página no Facebook ou perfil no Instagram.
A informação do número total de reclamações foi fornecida pelo Reclame Aqui a O Fator com exclusividade, e diz respeito ao período de 1º de junho a 30 de novembro deste ano.
A empresa já foi mais responsiva. Em 2023, por exemplo, foram 1.042 reclamações no Reclame Aqui, 100% das quais foram respondidas, e 49,7% dos problemas foram resolvidos – de acordo com os clientes.
Os clientes que tentam contatar a empresa hoje não encontram caminho fácil.
O antigo telefone, que ainda consta em notas fiscais recentes, por exemplo, está “incorreto”, segundo gravação. Outro número, que aparece na página da Livraria Cultura no Facebook, também não funciona.
O perfil da empresa no Instagram ainda está ativo, mas fechado para comentários. O perfil não respondeu a um pedido da reportagem por um contato de assessoria de imprensa.
A página da empresa no Facebook, que postou pela última vez em agosto, acumula reclamações. “Comprei um livro na Livraria Cultura e até agora não foi entregue”, diz uma cliente. “Estou com um valor em aberto, e não consigo falar com ninguém!”, diz outro.
O advogado Gustavo Bismarchi, que representa a Livraria Cultura, disse a O Fator que a empresa vem cumprindo regularmente o plano de recuperação judicial. “Esses problemas se devem a desligamentos”, disse. Em nota encaminhada pelo escritório de advocacia, a empresa disse que “continua operando normalmente”, e que “tem se empenhado em resolver as demandas recebidas diretamente por meio de seus canais formais”.
O Fator enviou um e-mail para o SAC da livraria em 27 de novembro, que não foi respondido até hoje.
A Cultura pediu recuperação judicial ainda em 2018, com dívidas calculadas na época em R$ 285 milhões.
Em fevereiro de 2023 a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo decretou a falência da empresa, mas meses depois uma liminar do STJ suspendeu essa decisão, mantendo assim a recuperação judicial.
Enquanto não responde a centenas de clientes, a Livraria Cultura continua com novos investimentos. Abriu em outubro deste ano uma loja em um casarão de Higienópolis, bairro chique de São Paulo. No começo deste mês, abriu uma segunda loja no bairro de Pinheiros.