O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), criado pelo governo Trump para dar um cargo ao bilionário Elon Musk, não é uma agência nova, mas apenas o novo nome do antigo Serviço Digital dos Estados Unidos (USDS), uma espécie de ‘Gov.br’ americano criado em 2014, no governo Obama.
Trump assinou o decreto criando o DOGE nesta segunda (20), seu primeiro dia no novo mandato. O texto deixa claro: “O Serviço Digital dos Estados Unidos (USDS) fica renomeado publicamente como Serviço DOGE dos Estados Unidos”.
O USDS tem hoje cerca de 230 funcionários. O trabalho é semelhante ao do aplicativo Gov.br. O USDS criou um sistema para o contribuinte americano acessar programas de declaração de Imposto de Renda, reformulou o acesso a benefícios da Previdência americana, e criou uma plataforma para usuários de exames de Covid-19 relatarem os resultados, entre outros.
O presidente dos Estados Unidos precisa de aprovação do Congresso para criar agências novas. Portanto, renomear uma agência já existente é um atalho para conferir logo um carguinho para Musk.
Trump anunciou a criação de um cargo no governo para Musk ainda em setembro, durante a campanha eleitoral.
“Por sugestão de Elon Musk, que me deu seu apoio completo e total [à candidatura] (…) criarei uma comissão de eficiência governamental encarregada de conduzir uma auditoria financeira e de desempenho completa de todo o governo federal e fazer recomendações de reformas drásticas”, disse Trump em evento em Nova York.
Dois dias depois, Musk tuitou uma imagem de si mesmo gerada por inteligência artificial com uma placa onde se lê “D.O.G.E.” – uma referência à simpática cachorrinha que ficou conhecida na Internet como Doge (corruptela da palavra “dog”). A popularidade do meme inspirou a criação de uma criptomoeda chamada Dogecoin. Em 2019, Musk anunciou que a Dogecoin era sua criptomoeda favorita. A influência de Musk levou muita a gente a comprar Dogecoin. No auge da fama, em 2021, a moeda chegou a ser cotada a 74 centavos de dólar; hoje é negociada a 38 centavos.
O decreto de Trump cria um cargo de administrador que vai se reportar ao chefe de gabinete da Casa Branca – o equivalente americano ao Chefe da Casa Civil. Portanto, o cargo não responde diretamente a Trump, mas a um subordinado dele. Esse administrador vai conduzir uma força-tarefa temporária, que termina em julho de 2026, para “melhorar a qualidade e a eficiência do software, da infraestrutura de rede e dos sistemas de tecnologia da informação (TI) do governo” – missão, aliás, que o USDS já tem.
Não há nada no texto do decreto sobre corte de gastos ou de cargos.
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