A decisão dos vereadores do Partido Renovação Democrática (PRD) de compor a base aliada à prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), surpreendeu até mesmo a direção do partido na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Representantes da legenda na Câmara Municipal, Pastor Itamar e Diemerson Mauro Ferreira, o Didi, fazem parte do grupo de 22 parlamentares governistas. Felipe Saliba, presidente do PRD na cidade e ex-deputado federal, entretanto, diz que, institucionalmente, a legenda não apoia a gestão petista.
Didi e Itamar confirmaram a O Fator que vão compor a base de Marília. Apesar disso, Saliba afirma que a cúpula do partido não participou de conversas a respeito do assunto.
“Pelo PRD, não existe qualquer alinhamento (com o Poder Executivo). Se eles estão fazendo, é contra qualquer orientação partidária. Como presidente do partido, não há qualquer alinhamento com o governo. Zero. E não existe permissão para que os vereadores estejam alinhados com o governo”, garantiu.
Saliba era pré-candidato à Prefeitura de Contagem, mas, às vésperas do início da campanha eleitoral, desistiu da empreitada. Pouco antes do primeiro turno, o ex-deputado declarou apoio à candidatura de Junio Amaral (PL).
À reportagem, Didi, um dos vereadores do PRD, explicou que, após a desistência de Saliba, fez campanha à Câmara Municipal de forma independente. Depois da vitória, então, foi convidado por Marília para engrossar a base governista.
“Tenho a expectativa de aprovar muitos projetos voltados à área da promoção da saúde e do bem-estar da população, que é o carro-chefe da minha atuação. E, com esse diálogo com o governo, terei mais facilidade para isso”, pontuou.
Pastor Itamar, autor de pedidos públicos de votos a Junio Amaral, disse que, após o processo eleitoral, resolveu seguir outra equação política.
“Após o resultado das eleições, decidimos fazer um mandato independente, porém, tendo um bom relacionamento com a prefeitura, mirando projetos que beneficiam a cidade. A prefeita, de maneira republicana, propôs diálogo para a construção de uma cidade harmônica entre todos os grupos sociais”, falou
Maioria folgada
Com 22 dos 25 vereadores, a base de Marília tem 88% dos assentos do plenário da Câmara de Contagem.
As três exceções vêm justamente do PL de Junio Amaral: Tia Keyla, Pedro Luiz e Mauricinho do Sanduíche.
A engenharia política empreendida pelos petistas quer garantir uma margem de dois terços dos votos em jogo nas disputas em plenário. Por isso, o plano é ter, sempre, o apoio de ao menos 17 vereadores, para evitar prejuízos causados por eventuais defecções na base.
Além do PRD, outro partido que não apoiou Marília tem um vereador na base governista: o Avante, do parlamentar Zé Carlos. A agremiação, que ensaiou a pré-candidatura da ex-secretária municipal de Cultura, Monique Pacheco, decidiu pela neutralidade.