Itamaraty citou facção Trem de Arágua em 6 telegramas secretos

Documentos são de até 27 de janeiro; portanto, até essa data, ministério ainda não havia reagido à decisão de Trump
Presídio de Tocorón na Venezuela
Policiais da Venezuela em intervenção em 2023 no Centro Penitenciario de Arágua, o Tocorón: grupo terrorista aos olhos de Trump. Foto: Nicolás Maduro/Twitter

A facção venezuelana Trem de Arágua, aliada do PCC, foi citada em seis documentos secretos do Itamaraty produzidos em 2024.

A informação foi obtida por O Fator via Lei de Acesso à Informação.

O presidente Donald Trump classificou a Trem de Arágua como terrorista no mês passado, em seu primeiro dia no novo mandato.

O primeiro voo com imigrantes ilegais no atual governo Trump a pousar na base militar em Guantánamo, Cuba, levava 10 integrantes da Trem de Arágua, de acordo com o Departamento de Segurança Doméstica (DHS). Eles chegaram a Guantánamo na quarta passada (5).

O Fator pediu ao Itamaraty documentos citando a Trem de Arágua produzidos a partir de 1º de janeiro de 2019.

O ministério respondeu que todos os telegramas sobre o assunto são secretos, um grau de sigilo que vale por 15 anos. Como todos os documentos são de 2024, o sigilo vai até 2039.

O ministério forneceu os Termos de Classificação da Informação (TCIs) de cada documento.

O TCI fornece a data do telegrama, quem assinou, para onde foi enviado, e um resumo – uma espécie de ementa do documento.

Dos seis documentos, cinco foram classificados como secretos pela embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira. Já o outro foi classificado por Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores.

A resposta enviada pelo Itamaraty compreende telegramas produzidos até 27 de janeiro deste ano. Portanto, ao menos até essa data, o ministério ainda não havia reagido à decisão de Trump de classificar a Trem de Arágua como terrorista.

Os telegramas enviados pela missão do Brasil na Venezuela para o Itamaraty são:

1) 04/06/2024. Venezuela. Política interna. Eleições presidenciais. Edmundo González Urrutia. Análise (parte 2 de 3).

(A eleição presidencial na Venezuela foi em 28 de julho. Este telegrama, portanto, foi redigido um pouco antes da eleição).

2) 10/07/2024. Venezuela. Política externa. América Latina. Tensões bilaterais.

3) 22/08/2024. Reunião do chanceler Yván Gil e do procurador-geral da República, Tarek William Saab, com o corpo diplomático.

(Meses depois dessa reunião, o procurador Tarek Saab chamou Lula de “porta-voz da CIA”. O governo Lula ainda não parabenizou Maduro pela vitória na eleição).

4) 16/09/2024. Política interna e externa. Pronunciamento do Ministro do Interior. Apreensão de armas. Relato.

5) 10/12/2024. Venezuela. Política interna. Segurança. Posse presidencial (10/1/2025) Riscos de desestabilização. Análise.

Já o documento classificado por Mauro Vieira, e enviado de Brasília para diferentes postos do Brasil no exterior, foi este:

6) 11/07/2024. Análise dos elementos de fricção entre Venezuela e países da América Latina.

Leia mais:

Trump reconhece ‘realidade’ sobre facção da Venezuela, diz deputado

Leia também:

Sindicato rejeita proposta de R$ 500 mil da Vale para indenizar vítimas do rompimento em Brumadinho

Governo concede licença ambiental à construção de terminal ferroviário para mineração em Itabirito

A opinião do candidato de Lula à presidência do PT sobre eventual apoio a Pacheco em Minas

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse