Ex-chefe de gabinete diz que Fuad ‘lutou incansavelmente’: ‘Ele deixa uma BH melhor’

Prefeito de Belo Horizonte faleceu nesta quarta-feira (26), por complicações decorrentes de câncer anunciado em julho de 2024
O prefeito de BH, Fuad Noman
Fuad Noman morreu nesta quarta-feira (26). Foto: Rodrigo Clemente/PBH

O ex-chefe de gabinete do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), João Paulo Barros, lamentou, em um texto, a morte do chefe do Executivo nesta quarta-feira (26). Barros, que trabalhou ao lado de Fuad sobretudo no tempo em que o pessedista era vice-prefeito, disse que o prefeito “lutou incansavelmente” e deixa, como legado, uma “BH melhor”

“Agora, Belo Horizonte sente a ausência de seu prefeito eleito como quem perde um avô com suspensórios marcantes, um pai que sempre quer o bem de sua casa, um amigo discreto. Eu sinto como quem perde o melhor chefe que já teve, um amigo como ele me chamou em nosso último contato. Que sorte a minha ter convivido, aprendido, crescido sob a liderança desse grande homem que perdemos”, afirmou Barros.

“Fuad Noman descansou, lutou incansavelmente, mas o que ele construiu permanece e muito do que ele plantou, ainda vai florescer, assim como suas margaridas. Nas ruas, praças, jardins, postos de saúde, escolas, parques e nas políticas, nas pessoas. Em mim”, completou.

Fuad sofreu uma parada cardiorrespiratória por volta das 22h dessa terça-feira (25). Segundo o boletim médico, o falecimento aconteceu em decorrência de complicações contraídas a partir de um diagnóstico de linfoma não Hodgkin, câncer no sistema linfático anunciado em julho do ano passado. Antes das complicações, entretanto, o prefeito chegou a ter uma remissão da doença.

Em seu texto, João Paulo Barros chamou Fuad de “construtor”.

“Um homem que via a cidade como um organismo para as pessoas, e a administração pública como um gesto de cuidado. Era apaixonado por Mônica, pelos filhos Paulo e Gustavo, e pelos netos que tanto se orgulhava — e neles via espelhado o futuro que desejava para BH: um futuro de oportunidades, de uma cidade cuidada, de serenidade. Nós, que tivemos o privilégio de caminhar ao lado dele, sabemos o que ele deixa: exemplos, valores, histórias, princípios, determinação e sensibilidade. Uma BH melhor. Um modelo de liderança que unia firmeza e leveza, paciência e persistência, razão e afeto”, pontuou.

Políticos também lamentam

Lideranças políticas de Minas Gerais, como o governador Romeu Zema (Novo), o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Juliano Lopes (Podemos), e o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB).

À “TV Globo”, Lopes se referiu a Fuad como “ser humano fantástico” e “grande político”

Já Zema se disse triste pelo falecimento do prefeito. “Sua vida pública foi marcada pelo diálogo e respeito, sempre a serviço de uma cidade e de um estado mais fortes. Meus sentimentos aos familiares e amigos. Descanse em paz, amigo”, falou.

“Perdemos um político e administrador competente, que sempre atuou com ética e cuidado, pelo bem das pessoas. Que Deus dê força aos amigos e familiares neste momento difícil”, pontuou Leite.

O vice-governador Mateus Simões (Novo) também se manifestou. “Fuad foi um exemplo de servidor público, trabalhou pelo certo. Um exemplo de político, preocupado com construir. Um exemplo de marido e pai. Faleceu como um exemplo de homem, resiliente e digno. Vá em paz, meu amigo”, lamentou.

Texto de João Paulo Barros na íntegra:

Fuad, o tempo e Belo Horizonte

Eu tinha 23 anos quando um senhor, conhecido por sua seriedade, seus suspensórios e sua fama de guardião das contas públicas, confiou em mim. Isso mudou a minha vida.

Não foi apenas um gesto de confiança, foi uma aposta. Fuad Noman me ofereceu o privilégio de ser orientado por ele. Me corrigiu quando necessário, me escutou com paciência, e me ensinou com generosidade. Entre uma planilha e outra, um documento e outro contava histórias dos seus mais de 40 anos de vida pública. Histórias que cruzavam continentes e instituições: o Exército, o Banco Central, o Ministério da Fazenda, a Casa Civil, o Governo de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte, o FMI em Cabo Verde, o Banco do Brasil, a Brasilprev… Histórias de um jovem que foi garçom e que também cuidava de margaridas. Porque Fuad era assim: exato e sensível, técnico e profundamente humano.

No meio de uma crise, certa vez, me falou sobre tsunamis. Sobre como as grandes ondas começam silenciosas, no fundo do mar. Aquilo me mudou. Passei a ouvir mais, a sentir mais, a entender que liderar também é observar os movimentos sutis antes que se tornem tempestades.

Na rotina de seu gabinete, ele fazia questão dos ritos: a pontualidade rigorosa, o respeito absoluto ao tempo dos outros, o gosto pelas reuniões bem conduzidas, pela disciplina que, para ele, era uma forma de amor à Belo Horizonte. Gostava de acompanhar os números, de vasculhar planilhas com olhos atentos e a precisão de quem sabe que os dados revelam e escondem — e que só os bons gestores sabem a diferença. Com seus fieis escudeiros, Prym e Natalina, aprendi o valor de cada decisão tomada com a sensibilidade, assertividade e bastante coragem.

Fuad era, antes de tudo, um construtor. Um homem que via a cidade como um organismo para as pessoas, e a administração pública como um gesto de cuidado. Era apaixonado por Mônica, pelos filhos Paulo e Gustavo, e pelos netos que tanto se orgulhava — e neles via espelhado o futuro que desejava para BH: um futuro de oportunidades, de uma cidade cuidada, de serenidade.

Nós, que tivemos o privilégio de caminhar ao lado dele, sabemos o que ele deixa: exemplos, valores, histórias, princípios, determinação e sensibilidade. Uma BH melhor. Um modelo de liderança que unia firmeza e leveza, paciência e persistência, razão e afeto.

Agora, Belo Horizonte sente a ausência de seu prefeito eleito como quem perde um avô com suspensórios marcantes, um pai que sempre quer o bem de sua casa, um amigo discreto. Eu sinto como quem perde o melhor chefe que já teve, um amigo como ele me chamou em nosso ultimo contato. Que sorte a minha ter convivido, aprendido, crescido sob a liderança desse grande homem que perdemos.

Fuad Noman descansou, lutou incansavelmente, mas o que ele construiu permanece e muito do que ele plantou, ainda vai florescer, assim como suas margaridas. Nas ruas, praças, jardins, postos de saúde, escolas, parques e nas políticas, nas pessoas. Em mim.

Obrigado por tudo, prefeito; obrigado, Fuad.

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