As manifestações populares pela morte do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, foram tamanhas, tão bonitas e sinceras, principalmente por parte das pessoas mais carentes, que enfrentaram horas – de suas casas à Prefeitura da capital – apenas para prestar a última homenagem, dar o último abraço, alargar o último sorriso para o “bom velhinho de suspensório”, que me fizeram pensar, mais uma vez, como a vida vale a pena, apesar dos pesares, “apesar dos castigos, apesar dos perigos, da força mais bruta, da noite que assusta”.
Certas pessoas e certos políticos, uma espécie à parte dos seres humanos comuns, vivem não para construir, agregar e cuidar, mas para destruir, separar, machucar e abandonar. São pessoas onde a pulsão de morte fala mais alto. Onde o narcisismo impera. Onde o egoísmo só não é maior que o egocentrismo patológico. Alguns, contudo, por breves e raras exceções, são capazes de se humanizar, entender o significado da finitude – inclusive a própria – e dispensar ao próximo, ainda que um desafeto, o sentimento mais nobre que existe: empatia.
É a empatia a mãe de todos os bons sentimentos: amor, compaixão, solidariedade… Somente quando nos conectamos e compreendemos o outro somos capazes de amar o próximo como vos amei, “pra que nossa esperança seja mais que a vingança, seja sempre um caminho que se deixa de herança”. Diante de tantas personagens políticas, de todos os campos ideológicos que se manifestaram – da mais efusiva forma a mais sóbria mensagem – solidariamente aos amigos e familiares de Fuad Noman, uma ausência foi notada, e não pela qualidade, pois de onde menos se espera é de onde não sai nada mesmo.
Alguém que, na última oportunidade de apertar a mão de quem – apesar de todas as agressões e traições sofridas – jamais lhe destinou uma mísera palavra de afronta, omite-se o fujão da feira da Afonso Pena e assina definitivamente sua sentença de morte (como indivíduo), ainda que sobreviva por mais 100 anos. Vou poupar a todos o nome do insidioso, pérfido, baixo, mesquinho, vil. Afinal, o que é o cheiro do estrume diante o perfume de uma flor?