Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Atlas Intel, em parceria com a CNN, mostrou que a eleição de Belo Horizonte pode estar caminhando para a mesma polarização observada em 2022 nas eleições presidenciais.
É importante reforçar que não se trata de enquete, mas de pesquisa eleitoral – devidamente registrada no TSE -, sob a metodologia RDR (Recrutamento Digital Aleatório), com margem de erro de 3 pontos percentuais e nível de confiança da margem de erro de 95%.
POLARIZAÇÃO
Porém, a despeito da inequívoca polarização eleitoral, superando, inclusive, a barreira da política, como bem mostra o livro “Biografia do Abismo” (Felipe Nunes e Thomas Traumann), os números apresentados podem estar, digamos, superlativizados.
Atenção: aqui não vai nenhum questionamento, ou dúvida, a respeito da idoneidade, assertividade e capacidade do Instituto, da CNN ou mesmo da amostragem e de seus dados. Apenas uma colocação pessoal acerca dos achados.
EXPLICO
Conversando com pesquisadores e publicitários – dos bons!! – de BH, entendi que, por se tratar de uma pesquisa com voluntários, através de redes sociais (eu mesmo preenchi o questionário e o enviei pelo Instagram), uma certa distorção poderia ocorrer.
A tendência, nestes casos, é ter os grupos mais organizados e engajados participando de forma mais ativa. É mais do que sabido que, para petistas e bolsonaristas, vibração e disposição para defender e apoiar seus candidatos não faltam.
CENTRO
Neste sentido – e eu sou um exemplo crasso -, eleitores de centro (inclusive centro-esquerda e centro-direita), que preocupam-se mais com ideias e projetos do que com personagens e pautas ideológicas, tendem a se manifestar de forma mais discreta.
No meu caso, preenchi o questionário, o enviei e pronto. Vida que segue. Já amigos bolsonaristas, por exemplo, fizeram o mesmo, mas não sem antes compartilhar fervorosamente com seus grupos – acredito que, no campo oposto, ocorreu o mesmo.
AQUI É GALO
Sabem aquelas enquetes de internet, “vote no time mais querido do país”, em que votamos e passamos horas enviando para nossos amigos? Pois é. Toda vez, eu voto no Galo – é claro!! – e envio para centenas de atleticanos. É mais ou menos essa a lógica, entendem?
Os extremos políticos do País, e me refiro a extremos mesmo, e não a campos ideologicamente opostos, infelizmente vivem essa guerra de ódio, mutuamente alimentada, diga-se, pois são os favorecidos. E aí mora o perigo da “profecia autorrealizável”.
MESMA MOEDA
Bolsonaristas abominam a hipótese de o deputado federal Rogério Correia, do PT, se tornar viável na corrida pela Prefeitura de Belo Horizonte. Hoje, segundo pesquisas tradicionais, o petista não passaria de “traços” nas intenções de voto (reparem nas aspas, ok?).
Lado outro, ainda que muito melhor pontuado em todas as últimas pesquisas – com muitos “traços”, hehe – vem o deputado estadual Bruno Engler (PL), e petistas, obviamente, querem ver o Coisa Ruim na PBH, mas jamais o bolsonarista-raiz.
CORRENTE
Assim, organizados e engajados, como já dito, estes pólos dedicam tempo e cliques para promover seus políticos de estimação. Eu, repito, não apenas não faço isso – por qualquer candidato, aliás -, como não gostaria que Engler ou Correia fossem prefeitos de BH.
Candidatos que estão ao centro representam o que desejo para cidade: honestidade, capacidade, boas ideias, gestão de qualidade, experiência, equilíbrio, pluralidade. Fuad, Gabriel, Luísa, Brant preenchem tais requisitos, e um deles recebeu meu voto na pesquisa.
VOTO INÚTIL
Contudo, não dediquei meio segundo sequer, a repassar o questionário adiante. Por isso, muito possivelmente, respeitando, repito, o critério e a credibilidade da pesquisa, intuo que tal cenário, Engler 31% e Correia 16%, esteja superlativizado.
A tal “profecia autorrealizável” vem de situações assim. Quando todos pensam que uma eleição encontra-se restrita a dois candidatos opostos, a rejeição sobre ambos faz com que um alimente o voto no outro. A escolha se dá não por predileção, mas por rejeição.
ENCERRO
Esquerda, direita e centro são espectros políticos legítimos em qualquer sociedade democrática. Todos os campos e ideologias têm defeitos e qualidades, erros e acertos. O extremismo é que traz danos irreparáveis e só produz más administrações.
Na falta de boas propostas e bons projetos, direita e esquerda uniram-se pela “causa” do medo, do terror, e aprisionaram mais da metade do eleitorado em um labirinto danoso. Temos votado contra alguém, e não a favor de um propósito comum. Isso precisa mudar.
Se há polarização, cabe a nós, eleitores, distensionar a corda e buscar o equilíbrio. Inflar um candidato, ou outro, contra um candidato, ou outro, não nos trará ganhos, mas perdas. Lado outro, aos extremos inflados, só ganhos. É mesmo isso que você, leitor amigo, leitora amiga, querem para BH?