A reação do PSD ao cenário de apoio à candidatura de Rogério Correia em BH

Partido não vê chance em apoiar candidatura do PT, mas não sabe se contará com Lula
A nova disputa entre PT e PSD: quem vai ter o apoio de Lula na eleição de BH. Foto: Reprodução
Fuad está em Brasília nesta quinta-feira (7). Foto: Reprodução

A notícia de que membros do PSD estudam apoiar a candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT) à Prefeitura de Belo Horizonte, publicada nesta terça (28) pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, caiu com descrença a auxiliares do prefeito Fuad Noman (PSD), pré-candidato à reeleição, e a lideranças do PSD mineiro.

Na avaliação de um interlocutor próximo à coordenação da pré-campanha de Fuad, a notícia seria uma estratégia da ala petista que defende a candidatura própria de Rogério Correia – internamente, o PT ainda não selou se vai mesmo lançar o deputado federal. A construção pelo nome tem crescido e ganhado repercussão, mas grupos minoritários, porém influentes, ainda aguardam a decisão de Lula sobre a disputa na capital.

Este mesmo interlocutor cita, ainda, que a entrada do União Brasil na pré-campanha de Fuad Noman teve participação ativa dos dois principais líderes do PSD em Minas: o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Até o início de abril, o União vinha conversando intensamente para apoiar Carlos Viana (Podemos), mas um pedido de Pacheco a lideranças do partido selou a aliança.

Uma das fontes ouvidas pelo Fator lembrou que, na eleição de 2022, boa parte dos líderes do PSD em Minas, incluindo ali toda a bancada federal, se recusou a ajudar e fazer campanha pela candidatura de Lula (PT) no Estado. Até por isso, um cenário em que o partido apoie um nome do PT em Belo Horizonte seria difícil de imaginar.

Atualmente, o núcleo político da pré-campanha de Fuad Noman tem realizado reuniões semanais às terças-feiras na sede do PSD mineiro. Participam, entre apoiadores do União, PRD, Avante, Solidariedade, dirigentes do PSD – como o deputado estadual e presidente da legenda em Minas, Cássio Soares, e o ex-presidente da Assembleia Adalclever Lopes, coordenador da pré-candidatura.

Quem também já apareceu nos encontros foram membros do PV mineiro. Embora integre a federação PT-PV-PCdoB, que por lei precisa caminhar junta na eleição, o PV tem defendido o apoio do grupo à reeleição de Fuad. Na prefeitura, o partido participa da gestão com nomes no primeiro escalão – a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por exemplo, tem sido tocada pelo presidente da Fundação de Parques, Gelson Leite, membro da direção estadual dos Verdes.

Por outro lado, Rogério Correia continua na construção para viabilizar seu nome. Também nesta terça, ele divulgou uma foto junto a Lula e afirmou que o encontro teve, entre outras pautas, discussão sobre a candidatura em Belo Horizonte. “Fui recebido nesta quarta feira pelo presidente Lula para conversar e agradecer seu apoio à nossa pré campanha em Belo Horizonte. Aproveitei pra trazer também as demandas que ouvimos da população em nossas andanças pelos cantos da cidade. O presidente ficou muito entusiasmado em saber que #BHPodeMais e reafirmou seu apoio à nossa causa. Ele me contou que quer voltar a BH em breve, e nós já estamos trabalhando numa data pra recebê-lo por aqui”, escreveu o parlamentar, que, aparentemente, citou o dia errado do encontro.

A agenda oficial do presidente Lula não indicou reunião realizada com o deputado mineiro nesta terça – o que, não necessariamente, significa que Correia inventou algo. Para assuntos partidários ou pessoais é comum, embora não devesse ser, que autoridades omitam reuniões da agenda pública.

No PT, Rogério Correia tem recebido o apoio da tesoureira nacional do partido, Gleide Andrade, e da presidente nacional Gleisi Hoffmann. As duas viabilizaram, por exemplo, a vinda do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para o evento de lançamento da pré-candidatura em BH. Até aqui, no entanto, quem ainda não se manifestou publicamente foi Lula.

Além de buscar apoio interno, Correia tem feito movimentações intensas com outros partidos de esquerda. Já esteve reunido com a direção nacional do PDT, junto da deputada e também pré-candidata Duda Salabert (PDT), e com dirigentes do PSOL e da Rede, que também defendem candidaturas únicas, mas não torcem o nariz por uma candidatura unificada do campo ideológico.

Como a coluna já relatou anteriormente, a decisão ficará mesmo com Lula e deve pesar, principalmente, as relações pessoais do presidente e o cálculo político a nível nacional.

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