As contas que estão sendo feitas na Prefeitura de Belo Horizonte, em relação a Câmara Municipal, não se restringem apenas às votações em plenário. A depender da natureza das proposições, são necessários 21 ou 28 votos para se aprovar um projeto de lei ou para evitar a derrubada de um veto do prefeito.
Os diálogos entre integrantes do Executivo e os vereadores, nesta etapa de composição da nova equipe de governo, passam também pela construção de uma base de apoio ampla e sólida o bastante para evitar tanto a instauração de múltiplas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) quanto a derrubada de decretos, iniciativas para as quais são necessárias ‘apenas’ 14 assinaturas.
Hoje, a oposição natural ao prefeito tem como partido mais forte o PL, com seis vereadores. A bancada do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro conta com a vereadora Marilda Portela, com quem o governo tem mais facilidade para conversar. O Novo tem três cadeiras, sendo que, pelo perfil de uma de suas vereadoras, o governo tem motivos para acreditar que o partido não conseguiria unanimidade na adesão, por exemplo, a qualquer CPI. Já a ‘família Aro’, grupo de parlamentares organicamente ligados ao secretário de estado da Casa Civil, Marcelo Aro, é composta por outros seis parlamentares.
Nessa conta, com treze vereadores inicialmente dispostos a aprovar qualquer CPI, ou a derrubar os decretos do prefeito, não seria difícil a tarefa da oposição, que precisaria agregar apenas um nome para reunir as 14 assinaturas necessárias. O governo ficaria obrigado, então, a não perder nenhum parlamentar em sua base de sustentação.
As articulações já estariam em andamento, principalmente junto aos partidos que integraram a primeira gestão do prefeito Fuad, além das legendas que apoiaram a sua reeleição. A palavra de ordem no governo, neste momento, é não permitir que a oposição consolide uma bancada de 14 ‘fiéis’.