Presidente do PL em Minas Gerais, o deputado federal Domingos Sávio vê com bons olhos uma eventual candidatura do ex-ministro Paulo Guedes ao Senado Federal pelo estado. Embora não tenha sido pego de surpresa com o palanque montado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que falou sobre o desejo de ver Guedes concorrendo a senador por Minas na terça-feira (25), Sávio, também cotado para disputar uma vaga na Casa Alta do Congresso Nacional, diz que, por ora, o debate a respeito de uma possível participação do ex-chefe da Economia federal no pleito é precipitado.
Em entrevista a O Fator, o dirigente afirma que o momento pede cautela. Segundo ele, antes do lançamento de nomes, é preciso construir alianças com partidos da direita à centro-direita. Apesar da prudência, Sávio garante que uma eventual candidatura de Guedes não é um empecilho aos rumos do PL mineiro.
“Não sei se é a praia dele, se ele vai se interessar. Mas isso é com ele. Se ele se interessar, é muito bem-vindo. É um bom nome. Isso não atrapalha nossos planos de, também, construir alguma candidatura — que pode ser a minha — pelo PL em Minas. Meu nome tem sido lembrado, mas há outros colegas (que podem ser candidatos)”, analisa.
Dois dos três assentos de Minas Gerais estarão em jogo no ano que vem. As vagas são ocupadas atualmente por Rodrigo Pacheco (PSD) e Carlos Viana (Podemos). O fato de os eleitores poderem escolher duas candidaturas, segundo Sávio, pode fazer com que o PL apoie dois candidatos.
De acordo com o parlamentar, a legenda não pode repetir a eleição de 2022, quando não lançou nenhum postulante ao cargo. À ocasião, a pré-candidatura do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio à Casa Alta do Congresso Nacional não saiu do papel. Assim, mesmo sem estarem na coligação, os liberais apoiaram Cleitinho Azevedo (à época no PSC e hoje no Republicanos). Por isso, melhor será se for possível ter mais de um candidato na chapa que concorrerá ao Senado.
“Trabalho com a ideia de construirmos uma candidatura de alguém que vive em Minas, mora em Minas e conhece a realidade dos problemas de Minas -— e que também tenha a capacidade de ajudar nos grandes problemas nacionais”, aponta.
A ideia de Bolsonaro
A declaração de Bolsonaro a respeito de Paulo Guedes foi dada em entrevista ao jornalista Léo Dias. Um dos ministros mais próximos ao ex-presidente, o economista nunca disputou um cargo eletivo.
“Tem estados em que você tem dificuldade (de escolher candidato), porque tem bons nomes. Outros, não tem. Em Minas Gerais, nós não temos nomes. Gostaria que o Paulo Guedes aceitasse ser senador por Minas Gerais, estamos tentando”, revelou.
Ao falar de Guedes, Domingos Sávio adota tom elogioso: “É uma figura muito respeitada e deu grande contribuição ao país”.
Soma de forças
Nos bastidores, interlocutores do PL apostam que, Brasil afora, Bolsonaro tentará emplacar candidatos ao Senado com quem tenha identificação. O diagnóstico é que a eleição de uma numerosa bancada bolsonarista poderá, por exemplo, viabilizar a aprovação da anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro do ano retrasado. Do outro lado, há quem aponte o desejo do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, de cacifar nomes mais experimentados no cenário político.
Ao ser questionado sobre os caminhos que o partido tomará na corrida à Casa Alta, Domingos Sávio diz ser possível conciliar a identificação às bandeiras bolsonaristas ao traquejo do jogo político.
“Já vimos famosos serem eleitos pelo PL – e, depois, não seguirem a linha do PL”, inicia, para, depois, seguir no raciocínio. “O fato de ser famoso, de ter uma presença vigorosa na rede social, não é automaticamente sinônimo de lealdade. Temos casos de senadores que foram eleitos com Bolsonaro e que, de repente, vacilam em seguir a linha”.
O PL ainda não bateu o martelo sobre o caminho que seguirá na eleição estadual no ano que vem. Recentemente, a agremiação deixou a base aliada ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa para formar uma bancada independente. O movimento, entretanto, não levou a legenda para a oposição. Mesmo com o desembarque, os liberais seguem sendo representados por Alê Portela (Desenvolvimento Social) no secretariado.
Integrantes da legenda, que não descarta lançar um candidato próprio ao Palácio Tiradentes, veem em Cleitinho uma opção para tal. Por outro lado, a hipótese de apoiar o vice de Zema, Mateus Simões (Novo), lançado pelo chefe do Executivo como candidato à sucessão, também segue considerada.