A parceria do governo de Minas com o polêmico ‘ambientalista cético’ Bjørn Lomborg

Cientista político dinamarquês é famoso por ter opiniões fortes sobre temas ambientais; acordo é para estudo de ações em MG
Presidente e fundador do Copenhagen Consensus Center, Lomborg é conhecido - e também criticado - por suas posições sobre questões ambientais. Foto: Divulgação
Presidente e fundador do Copenhagen Consensus Center, Lomborg é conhecido - e também criticado - por suas posições sobre questões ambientais. Foto: Divulgação

O governo de Minas anunciou, nesta sexta-feira (14), a assinatura de um memorando de entendimento com o Copenhagen Consensus Center, organização liderada pelo polêmico cientista político dinamarquês Bjørn Lomborg, para a implementação de análises de custo-benefício em políticas públicas no estado, especialmente na região do Vale do Jequitinhonha.

O acordo, assinado por Romeu Zema (Novo), pelo secretário Marcelo Aro (PP) e pelo próprio Lomborg, estabelece os princípios da cooperação, que se estenderá até 2026, com possibilidade de renovação. A iniciativa, segundo o memorando, busca uma abordagem técnica nas decisões de políticas públicas, mas a participação de Lomborg, considerado uma figura polêmica no debate ambiental, deve gerar polêmica.

Quem é Bjørn Lomborg

Presidente e fundador do Copenhagen Consensus Center, Lomborg é conhecido – e também criticado – por suas posições sobre questões ambientais. Embora reconheça a existência do aquecimento global, Lomborg se opõe a medidas como o Protocolo de Kyoto e outras ações imediatas de redução de emissões de carbono. Ele defende que os recursos sejam priorizados para problemas que considera mais urgentes, como pobreza, desnutrição e doenças como AIDS e malária. Lomborg também argumenta que os avanços econômicos futuros permitirão que as próximas gerações lidem melhor com os efeitos das mudanças climáticas.

Seus livros, especialmente “O Ambientalista Cético”, receberam visibilidade internacional, mas foram alvo de duras críticas da comunidade científica, incluindo um parecer do Comitê Dinamarquês para a Desonestidade Científica, que considerou a obra desonesta em termos metodológicos, embora tenha isentado o autor de má-fé intencional. Ele figura em listas de pessoas influentes, como o ranking da revista Time.

A parceria

Apesar das controvérsias em torno de Lomborg, o memorando firmado com Minas Gerais promove uma cooperação técnica que visa, segundo as partes, aumentar a eficiência de políticas públicas estaduais por meio da aplicação de análises de custo-benefício. O foco inicial será a região do Vale do Jequitinhonha.

De acordo com o memorando, o objetivo principal é identificar, por meio de estudos técnicos, quais políticas públicas têm maior retorno social e econômico para a região do Vale do Jequitinhonha. Entre as metas acordadas estão:

  • Realizar pesquisas conjuntas para avaliar o custo-benefício das políticas públicas em andamento.
  • Sugerir novas políticas públicas que apresentem alta relação custo-benefício.
  • Organizar seminários, workshops e conferências internacionais para discutir os resultados das análises e elaborar estratégias.
  • Capacitar técnicos e servidores públicos mineiros por meio de treinamentos e intercâmbio de conhecimentos.

Atribuições

O governo de Minas será responsável por fornecer informações sobre políticas atualmente em execução, compartilhar dados socioeconômicos e mobilizar equipe técnica para apoiar as atividades. Por outro lado, o Copenhagen Consensus Center ficará encarregado de conduzir as análises das políticas em execução, sugerir soluções com eficiência comprovada em outros contextos e oferecer suporte técnico, metodológico e analítico.

Além disso, o think tank assumirá os custos financeiros das pesquisas, eventos e capacitações previstos no acordo, enquanto o governo fornecerá apoio logístico e operacional.

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