Ainda sem convite para primeiro escalão, PT inicia ano com ‘independência’ e ‘bom diálogo’ com a Prefeitura de BH

Com quatro cadeiras, petistas esperam gestão ‘mais à esquerda’ de Fuad Noman após vitória contra Bruno Engler (PL)
Pedro Patrus
“Acreditamos que há espaço para que o segundo governo Fuad se coloque mais à esquerda, no sentido de avançar no atendimento das demandas da parcela mais pobre e mais desassistida da população”. Foto: Cristina Medeiros/CMBH

Quinze dias após o início do segundo mandato, a equipe do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), ainda não anunciou todo o secretariado municipal. O PT, que apoiou Fuad no segundo turno e votou a favor da candidatura de Bruno Miranda (PDT) na disputa pela presidência da Câmara Municipal, ainda aguarda convite oficial da administração para discutir seu papel no primeiro escalão.

Como já mostrou a reportagem, o preenchimento dos cargos no primeiro escalão deve ficar para fevereiro, quando os postos de trabalho criados a reboque da reforma administrativa começarão a valer.

De acordo com o novo líder do PT na Câmara, vereador Pedro Patrus, a atuação da bancada será para que a prefeitura destine mais recursos para os projetos sociais. O partido ainda pretende ajudar o Executivo a conseguir capital político para barrar propostas tidas como mais à direita. Segundo o parlamentar, a relação entre o partido e a prefeitura é de “independência” e “bom diálogo”.

“Acreditamos que há espaço para que o segundo governo Fuad se coloque mais à esquerda, no sentido de avançar no atendimento das demandas da parcela mais pobre e mais desassistida da população”, diz, a O Fator.

A indicação de quadros petistas para assumir eventuais secretarias e autarquias da Prefeitura ainda não foi tema, de acordo com o parlamentar, dos encontros mantidos entre o PT e o núcleo político do governo desde a reeleição do prefeito.

“Não partiu de nós o pleito por cargos específicos, e nem recebemos do governo o convite para assumir esta ou aquela secretaria. Nossa posição segue a de uma bancada independente, com bom diálogo com o prefeito e sua equipe”, aponta Patrus.

Dança das cadeiras

Os últimos dias têm sido de articulação dos vereadores na composição de alianças. Onze blocos e bancadas já têm seus líderes definidos. Do lado do governo, o líder Bruno Miranda acredita que ainda é cedo para projetar quantos parlamentares integrarão a base de sustentação da segunda gestão de Fuad Noman (PSD).

“Nossa projeção é que até o mês de março tenhamos um cenário mais definido, na medida em que as conversas com os partidos e bancadas se aprofundarem. A construção de um novo governo sempre requer mais disposição e diálogo. É um processo natural”, afirma.

Já o vereador Wanderley Porto (PRD), um dos principais articuladores da candidatura vitoriosa de Juliano Lopes (Podemos) para a presidência da casa, defende que o governo precisará agir rápido para consolidar sua base no Poder Legislativo.

“A configuração dos grupos de situação e oposição dependerá da agilidade e habilidade do governo para aglutinar o quanto antes os parlamentares que se situam nos blocos independentes. Vejo com bons olhos um possível acerto do governo com a família Aro, o que garantiria harmonia e paz, algo que faltou nos últimos anos”, avalia, em menção ao grupo político que ajudou a dar a vitória a Lopes.

Do lado da oposição, a maior bancada é a do PL, com seis representantes. O líder da legenda, Sargento Jalyson, diz que os vereadores da sigla farão uma oposição propositiva, com espaço para o consenso em pautas consideradas benéficas para a cidade.

“Não vamos fazer oposição por oposição. Nossos princípios e valores são bem claros, mas sempre que o governo apresentar iniciativas de interesse comum para os cidadãos de Belo Horizonte, vamos estudar os projetos e, eventualmente, votar a favor”, garante.

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