Aportes de empresas podem acelerar obras em trecho da BR-040; entenda estratégia

Fiemg e Via Mineira, concessionária da rodovia federal, intensificam conversas sobre melhorias em percurso que vai até Congonhas
Foto mostra trecho da BR-040
Recursos empresariais podem acelerar obra em trecho da BR-040. Foto: Via Mineira/Divulgação

De dezembro de 2020 a dezembro de 2022, 53 pessoas morreram em 272 acidentes registrados em um curto trecho de apenas 54 quilômetros da BR-040, entre o condomínio Alphaville, localizado a cerca de 30 quilômetros ao sul de Belo Horizonte, e o ponto denominado Cartório, alguns quilômetros depois de Congonhas, na Região Central de Minas Gerais. Para apressar obras vistas como essenciais para diminuir a sensação de insegurança no percurso, uma das ideias é buscar recursos junto ao setor empresarial.

Os números, levantados pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG), têm servido de base para entendimentos entre a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a nova concessionária da BR-040, a Via Mineira, que assumiu a gestão da via em julho. O objetivo é adequar o trecho que começa no Alphaville à demanda de tráfego em condições de segurança para todos os tipos de veículos que utilizam a rodovia. É aí que a possibilidade de captação de verbas junto a empresas entra em pauta.

As conversas começaram no mês passado, com uma visita do diretor de Operações da Via Mineira, Eric Camargo, à sede da Fiemg. No encontro, Camargo apresentou a relação de investimentos previstos para o trecho a curto e médio prazos. À ocasião, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, pediu que a concessionária desenhasse um plano para aumentar os recursos aplicados em ações emergenciais no percurso Alphaville-Cartório, tendo em vista a gravidade da situação.

A partir da primeira reunião, Via Mineira e Fiemg acertaram que a concessionária iria estudar o pleito da entidade industrial. A controladora da BR-040, então, prometeu apresentar uma proposta com intervenções em 90 dias.

Segundo Flávio Roscoe, as empresas que se dispuserem a aportar os recursos serão as patrocinadoras da obra. “O objetivo é poupar vidas”, diz.

“Nosso interesse é melhorar aquele trecho imediatamente”, concorda Luis Márcio Vianna, presidente do Sindicato da Indústria Extrativa Mineral de Minas Gerais (Sindiextra). O assunto será discutido durante o Imersão Indústria, a ser realizado pela Fiemg no início de outubro.

Cronograma

Pelo cronograma original acordado pela junto à Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT), a Via Mineira fará, até 2030, a duplicação de 113 quilômetros da rodovia entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete, na Região Central do estado, em um pedaço da rodovia federal inclui o trecho que serviu de base para o estudo do Crea-MG. Estão previstas, ainda, a construção de 22 quilômetros de vias marginais, além da implantação de 28 trevos, sete passarelas de pedestre e 16 quilômetros de ciclovias.

Ao longo dos 30 anos do contrato, a Via Mineira vai investir R$ 8,7 bilhões na BR-040, dos quais R$ 3,2 bilhões serão aplicados nos primeiros sete anos de operação.

Em nota, a empresa destacou que, desde a assinatura do contrato de concessão, tem mantido diálogos com entidades, prefeituras e todas as partes interessadas na rodovia, tendo como referência pleitos históricos e a coleta de demandas locais para serem incluídas no planejamento.

“Todas estas ações e planos estão sendo discutidos em estreita colaboração com a agência reguladora e em debate com a sociedade e os usuários, reforçando o compromisso da Via Mineira com a transparência e a participação de todos os interessados”, diz a companhia.

Alternativas

De acordo com o engenheiro civil Hérzio Geraldo Bottrel Mansur, que trabalhou na elaboração do estudo do Crea-MG, do ponto de vista técnico, são várias as alternativas para melhorar a segurança no trecho que está sendo objeto de entendimento. Uma das possibilidades é fazer com que caminhões trafeguem por rodovias paralelas à BR-040. Outra opção é construir uma pista exclusiva para veículos pesados.

“Desta mediação pode não sair a melhor solução. Mas temos certeza de que será a melhor solução possível”, projeta Manzur.

O engenheiro Emir Cadar Filho, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot/MG) e vice-presidente da Fiemg, defende que as soluções a serem buscadas estejam centradas na melhoria da própria via, sem a busca por rodovias alternativas próximas.

Ele explica que a construção de uma terceira pista lateral, por exemplo, faria com que os caminhões pudessem encostar, liberando as duas outras vias para os veículos de menor porte.

“O mais importante é tratar a BR-040 para ela ser mais segura com as carretas e com os carros”, explica ele, otimista por um acordo entre Fiemg e Via Mineira.

Cadar participou da primeira reunião com Eric Camargo, diretor da concessionária, e afirma ter observado, por parte da administradora da rodovia, a disposição pelo avanço na implementação de medidas emergenciais para o trecho crítico da rodovia.

“Pela conversa que tivemos, senti que eles estão prontamente abertos a fazer isso por nós e pela sociedade”, aponta.

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