Após crise, novo comandante da PM busca aproximação com ALMG e escolhe Tadeu Leite para primeira agenda oficial

Governo tenta conter efeitos de discurso de despedida do coronel Rodrigo Piassi, que criticou deputado Sargento Rodrigues
Coronel Frederico e Tadeu Martins Leite
Novo comandante da PM fez visita de cortesia à Assembleia nesta quinta (26). Foto: Alexandre Netto/ALMG

Recém-empossado comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), o coronel Carlos Frederico Otoni Garcia escolheu, como primeira agenda oficial no cargo, um encontro com o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB). Eles se reuniram nesta quinta-feira (26), na sede do Parlamento, em Belo Horizonte.

Nos bastidores, conforme apurou O Fator, a escolha de coronel Frederico por uma conversa com Tadeu Leite logo no segundo dia no comando das tropas, foi interpretada como uma deferência à Assembleia. 

Nessa quarta-feira (25), ao se despedir do comando-geral, o antecessor de Garcia, coronel Rodrigo Piassi do Nascimento, disse ver a atuação do deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) como “ameaça segura” ao futuro da corporação e apontou “alinhamento aparente” da Mesa Diretora à postura do parlamentar.

O encontro entre coronel Frederico e Tadeu Leite teve tom cordial e serviu para o oficial se apresentar oficialmente como líder do policiamento de Minas Gerais. O presidente da Assembleia já havia encontrado o novo comandante em agendas anteriores, quando o militar dava expediente na chefia do gabinete militar do governador Romeu Zema (Novo).

Extintores acionados

Como já havia mostrado a reportagem, as críticas de Piassi a Sargento Rodrigues, que preside a Comissão de Segurança Pública da Assembleia, deflagraram uma tentativa do governo Zema de serenar os ânimos. Coronel Frederico, inclusive, sinalizou a intenção de se reunir com Rodrigues e os outros integrantes do comitê para estabelecer pontes de diálogo.

A crise entre Piassi e deputados da Comissão de Segurança Pública escalou nos últimos meses. O embate teve como ponto central as reivindicações dos parlamentares pela recomposição salarial dos agentes. Há, ainda, protestos quanto à postura do antigo comandante ante o projeto que pode mudar as alíquotas de contribuição do Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado de Minas Gerais (IPSM)

“Nesse meu último pronunciamento como oficial da ativa da gloriosa Polícia Militar de Minas Gerais, peço, de maneira humilde e intensa, que a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa não seja conivente com o desmonte da hierarquia e da disciplina militar na Polícia Militar de Minas Gerais. Infelizmente, aquele que defende o direito dos militares estaduais se tornou uma ameaça segura ao futuro de nossa instituição”, disse Piassi, ao se despedir dos antigos liderados e se tornar um oficial da reserva.

Um dos responsáveis pelo núcleo de articulação política da gestão Zema, o secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares (PMN), afirmou não concordar com as críticas de Piassi. Já Sargento Rodrigues rebateu as falas que preencheram o discurso.

“Coronéis da estirpe dele só têm coragem de falar o que ele falou no discurso depois de vestir o pijama. (Piassi) já foi para a reserva. Por outro lado, quem será hostilizado pela própria tropa será ele, que pregou um pacote de hostilidades do governo — e não era o que a tropa esperava dele”, criticou o deputado do PL.

Tadeu Leite, por seu turno, adotou tom apaziguador ao comentar o discurso de Piassi.

“Tal declaração está, certamente, entre as várias motivações que explicam a saída do ex-comandante. A troca no Comando-Geral da Polícia Militar de Minas Gerais representa, definitivamente, uma página virada. Desejamos êxito ao novo comandante, coronel Carlos Frederico Otoni Garcia. O Parlamento reafirma sua postura de independência no exercício da representatividade e harmonia na relação entre as instituições”, observou.

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