Os moradores de Pedro Leopoldo, na Região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), passaram a viver um “apagão” em alguns dos serviços da gestão pública. Na última sexta-feira (6), por exemplo, os 62 mil habitantes da cidade receberam a notícia de que a coleta de lixo seria suspensa por falta de pagamento à empresa responsável pela tarefa. Com a interrupção do serviço, sacos com resíduos se acumularam nas ruas da cidade durante todo o último final de semana. O recolhimento foi retomado nesta segunda-feira (9).
Segundo apurou O Fator, a interrupção do serviço seria consequência do resultado da eleição de outubro. O prefeito eleito, Emiliano Braga (PP), é tido como representante de grupo político oposto ao da atual chefe do Executivo, Ana Paula Santos, eleita vice pelo MDB em 2020.
Em nota publicada nas redes sociais, a Prefeitura de Pedro Leopoldo explicou a paralisação na coleta de lixo reconhecendo que havia “notas ficais pendentes de pagamento”, mas que nenhum destes débitos seria superior a 90 dias.
O contrato vigente foi celebrado em 2020 e, à data, tinha um valor estimado de mais de R$ 3.6 milhões — prevendo a varrição das ruas, a coleta e o tratamento do lixo. A retomada dos serviços nesta segunda aconteceu após uma negociação entre a empresa e o poder público municipal.
“Havia uma discussão sobre os prazos de pagamento com base na lei de licitação, que foi alterada. Mas pesa para qualquer empresa bancar uma operação do tamanho desta, com caminhões, combustível e toda equipe de trabalho, sem receber nada”, disse um interlocutor da Prefeitura de Pedro Leopoldo que preferiu não se identificar.
Além da limpeza, outra empresa conveniada à Prefeitura de Pedro Leopoldo anunciou o encerramento da parceria neste final de semana por causa da interrupção dos pagamentos.
No mesmo dia em que celebrou mais um aniversário, esse domingo (8), a Corporação Musical Cachoeira Grande — que oferece curso de musicalização — publicou uma nota em suas redes sociais comunicando a paralisação das atividades realizadas pela instituição.
Segundo a Corporação, a prefeitura prometeu a quitação dos valores, o que não aconteceu. “Recebemos promessas de que o repasse seria realizado ainda este ano e, confiando nisso, assumimos o compromisso de manter nossas atividades. Por essa razão, nossos profissionais têm trabalhado sem receber desde o meio do ano”.
A mesma situação é enfrentada pelo Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), empresa que contrata servidores para atuar na área da saúde no município. Interlocutores da prefeitura ouvidos por O Fator, sob sigilo, disseram que outro contrato que está em vias de ser suspenso é o de abastecimento de combustível.
Esta não é a primeira cidade a enfrentar problemas na prestação de serviços após o resultado das eleições. O município de Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba, expediu ordens de exoneração menos de 24 horas após o resultado. As demissões foram direcionadas principalmente para as Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Transportes, também afetando diretamente a prestação de serviços essenciais à população.
A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Pedro Leopoldo para entender a extensão dos débitos e registrar a posição da administração municipal. Em caso de resposta, este texto será atualizado.