O governo federal nomeou a ex-presidente da Fundação Muncipal de Cultura de Belo Horizonte, Luciana Rocha Féres, como nova superintendente do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Minas Gerais. Féres, pode-se dizer, já até presidiu o Iphan – mas somente por um dia, durante o governo Jair Bolsonaro.
Em dezembro de 2019, a arquiteta foi nomeada como presidente do Iphan pelo então ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. A escolha pela técnica gerou rebuliço entre parlamentares da base bolsonarista e repercutiu mal no Planalto, que determinou, no mesmo dia da nomeação, a exoneração de Féres.
Na época, havia uma disputa pelo comando do Iphan – Marcelo Álvaro Antônio defendia o nome da técnica, especialista em temas culturais e urbanísticos, enquanto o então secretário especial de Cultura, Roberto Alvim, queria a indicação de Olav Schrader, membro de um movimento monarquista e ligado ao grupo do guru ideológico Olavo de Carvalho.
O ministro então decidiu pela nomeação de Féres, que durou menos de um dia no cargo. O instituto ficou sem um presidente formal por cinco meses, até a nomeação da arquiteta Larissa Rodrigues, em maio de 2020. Após a confusão, Luciana Féres assumiu, em 2022, a Fundação Cultural de Belo Horizonte. Ela é doutora em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável e mestre em Arquitetura e Urbanismo, pela UFMG
Histórico conturbado a parte, Féres chega ao Iphan para tentar amenizar a relação entre o órgão federal e municípios mineiros. Recentemente, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), chegou a ser alvo de uma operação da Polícia Federal por suposta interferência em atuação do Iphan – a chefe do escritório do instituto na cidade teria sido demitida a pedido do petista por ter autuado uma obra, supostamente irregular, em imóveis tombados.