As mudanças ‘de última hora’ nas negociações da repactuação de Mariana

Desembargador continuará na mediação das reuniões, enquanto procurador ‘crítico’ deve sair
Bento Rodrigues, distrito de Mariana, foi um dos mais atingidos com a lama de rejeitos da barragem do Fundão
O rompimento da barragem de Fundão, em 2015, deixou 19 mortos e dano ambiental ainda incalculável. Foto: Agência Brasil

A complexa negociação pela repactuação do acordo de Mariana pode ter alterações sensíveis e inesperadas nos próximos dias. Uma delas é, na realidade, uma mudança no rito esperado no Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), que deve manter o desembargador Ricardo Rabelo como responsável pela mediação das conversas entre o Poder público e as mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco.

Rabelo é o responsável pela mediação desde o início de 2023, quando o TRF-6 se tornou o palco principal das negociações. Com o início do mandato da nova cúpula do TRF tomando posse de vez agora, no final de agosto, o rito normal seria, também, a mudança neste caso – Rabelo foi eleito vice-presidente da Corte.

Só que, pelo que O Fator apurou, o desembargador será mantido no papel de mediador das negociações. O ajuste, inesperado, teve participação decisiva do ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que acompanha a negociação desde o início e já revelou a terceiros ter expectativa de que o acordo seja assinado até o final de setembro.

Outra mudança que pode ocorrer nos próximos dias é a saída de um membro do Ministério Público Federal (MPF) do grupo de negociações do caso. O procurador da República Felipe Carvalho atua nas negociações desde 2022 e, segundo interlocutores que acompanham as reuniões, é um crítico da repactuação no modelo em que está encaminhada.

Na última terça-feira (27), a Procuradoria-Geral da República chegou a organizar uma reunião, que contou com a participação de representantes de quase todos os órgãos que atuam na negociação, para discutir a “fase final” das conversas. No encontro, o procurador-geral Paulo Gonet chegou a acenar que, pelo MPF, a assinatura sairia já nos próximos dias.

Em certa parte da reunião, a atuação de Felipe Carvalho foi criticada por conta dos pontos levados pelo procurador ao longo das últimas reuniões que teriam gerado divergências e, supostamente, atrasado as conversas.

A propósito, apesar das novidades de última hora, ainda há expectativa por parte de interlocutores que a repactuação de fato “saia” em breve. Como O Fator já mostrou, a data vista como ideal para o anúncio é a próxima sexta-feira (6). Há quem considere que falta tempo hábil para que, até sexta, os pontos restantes para selar o texto sejam pacificados.

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