O acordo UE-Mercosul, anunciado na sexta passada (6), abre oportunidades para Minas no agro e na indústria, segundo estudo da Fiemg publicado nesta sexta (13) e produzido a pedido de O Fator.
Como mostramos, o café responde hoje por mais de 60% das exportações do estado para o bloco europeu.
De janeiro a novembro deste ano, foram US$ 5,81 bilhões em exportações mineiras para a UE, somando todos os produtos.
Para o Centro Internacional de Negócios da Fiemg, que produziu o estudo, “[c]om prazos adequados e concessões bem estruturadas, o acordo reforça o papel do Mercosul como um parceiro comercial estratégico da União Europeia, garantindo condições favoráveis para produtores agrícolas e industriais, além de almejar fomentar o crescimento econômico sustentável em toda a região”,
Café torrado e solúvel e frutas frescas como abacates, limões, melancias, melões e uvas de mesa terão tarifas zeradas em prazos que variam de 4 a 10 anos. “Essa abertura”, diz o estudo, “reforça a posição do Brasil e de Minas Gerais como um dos maiores fornecedores mundiais de produtos agrícolas e assegura vantagens competitivas no mercado europeu, mesmo em meio às regulamentações rigorosas do bloco”.
Entre os desafios para o agro está o número limitado de estabelecimentos mineiros habilitados a exportar produtos de origem animal.
“Apesar da força de Minas Gerais no setor, poucos estabelecimentos estão habilitados a exportar para o território da UE. No setor de carnes, por exemplo, de centenas de estabelecimentos brasileiros, apenas 15 são de Minas Gerais”, diz o relatório.
A necessidade de atender a altos padrões em segurança alimentar e saúde animal “pode exigir investimentos adicionais de produtores locais para garantir conformidade com as regulamentações da UE”.
A indústria mineira também tem a ganhar.
Minas tem uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, lembra o relatório, e por isso as indústrias do estado se beneficiarão como potenciais exportadoras de produtos que em seu processo produtivo utilizam fontes de energia renováveis.
Um exemplo é o chamado “ferro gusa verde”. “Basicamente 100% do ferro gusa produzido em Minas Gerais é a partir de carvão vegetal de florestas replantadas, o que tem apelo no exterior e agrega valor ao nosso produto, principalmente, com a implementação do Mecanismo de Ajuste Fronteiriço de Carbono (CBAM) na Europa, que prevê taxação baseada nas emissões de carbono dos produtos importados”, acrescenta o estudo.
O relatório também destaca que o acordo aumenta o prazo para que tarifas do setor automotivo sejam reduzidas – até 30 anos para veículos baseados em novas tecnologias e de 7 a 10 anos para autopeças. Esse setor representou, em 2024, cerca 15% das importações mineiras de produtos da União Europeia, incluindo partes e acessórios de veículos e peças para motores de ignição, entre outros.
A UE também vai eliminar 100% das tarifas em até 10 anos nos bens de alta complexidade tecnológica. “Isso beneficiará diretamente exportadores (…) como químicos, máquinas, equipamentos médicos e autopeças, setores em que Minas Gerais busca ampliar sua participação no mercado global”, diz o relatório.
A concorrência também vai trazer desafios. “A redução de tarifas para produtos industriais europeus pode aumentar a concorrência para diversos setores industriais nos quais Minas Gerais já vem aumentando as importações provenientes da UE, como têxtil, calçadista e autopeças”, diz a Fiemg.