As provas contra Bolsonaro que Gonet não viu no caso do cartão de vacina

PGR pediu arquivamento; Moraes aceitou
Paulo Gonet na 1ª Turma do STF
Paulo Gonet não encontrou provas. Foto: Antonio Augusto/STF

O relatório da Polícia Federal que indiciou Jair Bolsonaro pelo crime de inserção de dados falsos em sistema de informações, apresentado em março do ano passado, contém diversas provas do envolvimento do ex-presidente. Paulo Gonet não enxergou ou não quis enxergar.

O relatório de 231 páginas conta, entre outras coisas, o seguinte:

1. Mauro Cid enviou em 29 de outubro de 2021 para Ricardo Camarinha, então médico de Bolsonaro, um print com regras do CDC americano para viagem aos Estados Unidos.

No texto, explica a PF, “são descritas as exceções para entrada nos Estados Unidos sem a necessidade de comprovação de vacinação contra a Covid-19”.

Mauro Cid escreveu no WhatsApp para o médico de Bolsonaro: “Ela que [ir] para lá final do ano (sic)…”. “Ela” é Gabriela, esposa de Cid.

A PF acrescentou que “[a]s mensagens foram enviadas por MAURO CID cerca de um mês antes das inserções dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício de GABRIELA SANTIAGO CID, demonstrando que MAURO CID estava tentando encontrar alguma forma de viabilizar a viagem de sua esposa para os Estados Unidos sem a necessidade de ter o comprovante de vacinação”. Gabriela também foi indiciada pela PF.

O antes fiel escudeiro de Bolsonaro, portanto, adquiriu a expertise em cartões de vacina falsos ainda em 2021.

Prosseguiu a PF: “Os dados encaminhados pelo Ministério da Saúde revelaram que a estrutura criminosa utilizada para beneficiar GABRIELA SANTIAGO CID, se protraiu no tempo, passando a ter a adesão de outras pessoas”. Em depoimento à PF, ela confirmou que seu cartão tinha dados falsos.

2. A inserção dos dados falsos em favor de Bolsonaro aconteceu em 21 de dezembro de 2022. Naquele momento, Bolsonaro mantinha silêncio público sobre o resultado da eleição, e, como hoje sabemos, planejava uma viagem aos Estados Unidos para não passar a faixa para Lula. A inserção da 1ª falsa dose foi às 18h59 e a da 2ª foi às 19h. Por enorme coincidência, às 19h05 do mesmo dia o “operador” João Carlos Brecha – na época secretário de Governo da prefeitura de Duque de Caxias – inseriu no sistema uma falsa 1ª dose para Laura Bolsonaro, filha mais nova do então presidente.

Em janeiro daquele ano, Bolsonaro havia dito em entrevista que “a minha filha de 11 anos não será vacinada”.

3. Nessa mesma noite de 21 de dezembro, o secretário Brecha associou o endereço de e-mail jirmssblsnr@gmail.com (sic) à conta de Laura Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS. Para a PF, o e-mail foi cadastrado “possivelmente para permitir o acesso e emissão do certificado falso em nome da menor”.

4. Um IP utilizado para acessar a conta do ConecteSUS de Bolsonaro na manhã seguinte, 22 de dezembro, pertence ao Palácio da Alvorada. Era Mauro Cid quem estava logado. Ele chegou no Alvorada às 07h57, fez o login às 07h59, e emitiu o certificado às 8h em ponto. Os certificados em nome do presidente e da filha foram impressos às 8h e 08h01, como consta nos logs da impressora.

5. A conta no sistema Gov.br de Bolsonaro utilizada para acessar o ConecteSUS e gerar os certificados de vacinação tinha inicialmente o email mauro.cid@presidencia.gov.br. Às 8h20, depois da impressão dos certificados, o e-mail foi trocado para danmarcamara70@gmail.com, “pertencente a MARCELO COSTA CAMARA”, assessor do então presidente. Câmara chegou ao Alvorada naquele dia antes de Cid. Em depoimento, o próprio Bolsonaro confirmou ciência dessa troca de e-mails.

Essas são apenas algumas das provas que estão no relatório da PF. Outras poderiam ser juntadas aos autos se Gonet quisesse oferecer denúncia. Não quis.

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