As suspeitas que levaram o MP a denunciar ex-diretor do Atlético por apropriação indébita

Carlos Fabel atuou no clube entre 2009 e 2019, ingressando na gestão Kalil
No início da semana, o Atlético ingressou na Justiça com um pedido para atuar como assistente do MPMG no caso. Foto: Divulgação
No início da semana, o Atlético ingressou na Justiça com um pedido para atuar como assistente do MPMG no caso. Foto: Divulgação

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou uma denúncia criminal contra Carlos Antônio Silva Fabel, ex-diretor financeiro do Atlético na gestão Alexandre Kalil, por suspeita de apropriação indébita qualificada. A ação, protocolada na Justiça de Belo Horizonte, acusa Fabel de desviar milhões dos cofres do clube entre 2009 e 2019. A informação foi noticiada pela ‘Itatiaia’ na semana passada, e O Fator teve acesso à íntegra da ação criminal enviada pelo MPMG à Justiça.

De acordo com a denúncia, Fabel teria se aproveitado de sua posição como Diretor de Finanças para desviar recursos do clube em benefício próprio. O esquema, segundo o MPMG, envolvia duas empresas de consultoria das quais Fabel era sócio: a Consultoria Pontual Ltda e a Art Sports Assessoria Ltda.

“Sob a justificativa de realizar pagamento de despesas de contratos de prestação de serviços com as mencionas pessoas jurídicas, nas quais era sócio, o denunciado, aproveitando-se do poder decorrente do cargo ocupado de 01/05/2009 a 31/12/2019, de diretor financeiro, autorizou diversos pagamentos para além dos valores avençados, com o fito de auferir vantagem econômica pessoal, em detrimento do patrimônio do Clube Atlético Mineiro”, mostra trecho da ação, obtida por O Fator.

No início da semana, o Atlético ingressou na Justiça com um pedido para atuar como assistente do MPMG no caso.

A investigação aponta que, no caso da Consultoria Pontual Ltda, o contrato previa pagamentos totais de R$ 3.084.500 entre 2009 e 2014. No entanto, o clube teria desembolsado R$ 6.257.893,92 no período, resultando em um excedente de R$ 3.173.393,92 sem justificativa aparente.

Já com relação à Art Sports Assessoria Ltda, o contrato estabelecia pagamentos de R$ 5.484.720 entre 2015 e 2018. Porém, o Atlético-MG teria pago R$ 6.341.974,98, gerando uma diferença injustificada de R$ 857.254,98.

A denúncia ressalta ainda que Fabel teria recebido pagamentos mesmo após o término dos contratos. No caso da Consultoria Pontual, foram R$ 180.000 pagos em janeiro e fevereiro de 2015, quando o contrato já havia expirado. Situação semelhante ocorreu com a Art Sports em 2019.

O MPMG enquadrou as ações de Fabel no artigo 168, §1º, inciso III, do Código Penal, que trata de apropriação indébita qualificada, com agravante por ter sido cometida em razão do cargo. A promotoria pede ainda que, em caso de condenação, seja fixada indenização mínima de R$ 4.030.648,90 em favor do Atlético-MG.

Entre as testemunhas arroladas na denúncia estão o atual presidente do clube, Sérgio Coelho, e o ex-presidente Sérgio Sette Câmara,.

A denúncia marca um capítulo importante na investigação das finanças do Atlético-MG durante a gestão de Alexandre Kalil. O laço entre Fabel e Kalil, inclusive, fica nítido por conta das eleições ao governo de Minas em 2022: a campanha de Kalil tinha Fabel como diretor financeiro registrado no TRE.

O Ministério Público agora aguarda a decisão da Justiça sobre o recebimento da denúncia para que o processo criminal contra Carlos Fabel tenha início formal. O caso está na mesa do juiz da 11ª Vara Criminal de Belo Horizonte desde a última quarta-feira (2).

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