A realização, quase simultânea, de dois eventos paralelos da corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB), durante a semana passada, em Belo Horizonte, reforçou a divisão do partido em Minas Gerais. O racha acontece em meio aos preparativos para a eleição interna da sigla, marcada para o próximo dia 6 de julho. As divergências se repetem entre algumas das principais lideranças petistas em Belo Horizonte.
Na Câmara Municipal da capital mineira, os quatro vereadores do PT estão divididos em três grupos. Pedro Patrus e Luiza Dulci são da CNB, enquanto Pedro Rousseff compõe um grupo chamado “Movimento PT”. Bruno Pedralva, o outro parlamentar da sigla na cidade, afirmou a O Fator que não integra nenhuma tendência específica.
Segundo Pedro Patrus, a CNB ainda não definiu seus candidatos para a presidência do partido em Belo Horizonte e em Minas Gerais. Para a presidência nacional petista, a corrente defende o nome do ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva. A CNB é a corrente do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos entusiastas da candidatura de Edinho.
Apesar do apreço de Lula, o ex-prefeito de Araraquara enfrenta oposição até mesmo dentro da CNB. Tesoureira nacional do partido, a mineira Gleide Andrade é um dos focos de resistência.
No “Movimento PT”, corrente de Pedro Rousseff, a defesa é pela reeleição de Guilherme Jardim, o Guima, como presidente do PT-BH. Em Minas, a articulação é pela eleição do deputado estadual Ricardo Campos, enquanto no plano nacional o desejo é emplacar a candidatura do mineiro Romênio Pereira, hoje secretário nacional de Relações Internacionais do partido.
Bruno Pedralva, embora não componha nenhuma corrente, diz que o melhor nome para a presidência do PT mineiro seria o da deputada estadual Leninha, vice-presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). No que tange ao diretório municipal, Pedralva diz que ainda dialoga com correligionários.
Em busca da unidade
Paralelamente às pretensões de cada corrente, Guilherme Jardim diz estar trabalhando para que o PT supere as divergências internas e construa chapas de consenso em BH e em Minas Gerais. Guima defende a pré-candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes ao Senado e acredita que as principais lideranças da agremiação terão “maturidade” para selar um acordo antes da eleição de julho.
“Nossas diferenças não podem nos fazer perder de vista o maior desafio do partido em Minas, que é dar mais uma vez a vitória ao presidente Lula nas urnas em 2026. Acredito que os deputados Cristiano Silveira, Ricardo Campos e Leninha estarão na mesma chapa na sucessão estadual, e que a mesma unidade será construída também, tanto em BH quanto no Brasil”, projeta.
Citado por Guima, Cristiano Silveira é o atual presidente do PT de Minas. Aliado de Reginaldo Lopes, ele ainda não definiu se tentará a reeleição.