Lucas Ragazzi
A ida do ex-prefeito Alexandre Kalil para o Republicanos e seu inevitável apoio à pré-candidatura do deputado estadual Mauro Tramonte à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), incendiou as discussões internas do Novo. O partido tem, desde a semana passada, articulações muito avançadas para também apoiar Tramonte, mas foi surpreendido com a negociação que levou Kalil ao grupo. Agora, aliados da gestão Zema pressionam para que o Novo desista da construção – e nomes relevantes do governo batem o pé para manter o apoio.
Na avaliação de uma ala da alta cúpula do governo Zema, o Novo deve continuar a construção de aliança com Tramonte mesmo com a chegada de Kalil. Esse entendimento passa pela compreensão de que é importante se aproximar do Republicanos visando não somente um possível aliado na prefeitura da capital, mas também por uma boa relação para 2026. O Republicanos tem em seus quadros o senador Cleitinho Azevedo, cotadíssimo para se candidatar ao governo de Minas. Na mesma toada, o vice-governador Mateus Simões é o nome natural do Novo para essa disputa.
No caso de uma boa relação entre Novo e Republicanos, o cenário de 2026 fica em aberto para uma nova aliança – passando pela possibilidade, inclusive, de Mateus ser o candidato ao Senado da chapa de Cleitinho. Ou vice-versa, com um indicado do partido do atual senador ocupando o espaço (Cleitinho tem mandato no Congresso até 2030).
Só que a ideia desagrada, e muito, aliados de Zema que apoiam o Novo há tempos. Desde sexta-feira (26), quando se tornou pública a ida de Kalil ao Republicanos, empresários têm se movimentado para retirar o Novo da construção com Mauro Tramonte – é impensável, na avaliação destes interlocutores do mercado, que o Novo apoie o mesmo candidato que o ex-prefeito, algoz e rival destes aliados há anos.
A definição do Novo deve ocorrer ainda esta semana, após uma nova rodada de conversas nesta quarta-feira (31). A convenção do partido, antes marcada para o último sábado (27), foi adiada para o próximo sábado (3), justamente aguardando definições da disputa.
Disputa interna
Na articulação feita entre Kalil e o deputado federal Gilberto Abramo, ex-presidente do Republicanos em Minas, o ex-prefeito se filiaria e, depois das eleições municipais, assumiria o posto de presidente do diretório mineiro. Teria, ainda, tido sua candidatura a governador garantida para 2026. Essa construção bate de frente com os planos do atual presidente do Republicanos estadual, o deputado federal Euclydes Pettersen, que defende – e já articula há meses – a candidatura de Cleitinho. A disputa interna no partido ligado à Igreja Universal deve, ainda, render capítulos agitados.
Na semana passada, O Fator mostrou que o Republicanos tem uma divisão grande entre as alas de Abramo e Pettersen. Em entrevista, o atual presidente do partido em Minas minimizou a crise interna, mas pontuou que a discussão atual é pela eleição municipal e não passa, ainda, sobre os planos da legenda para 2026.
