‘Coronéis da estirpe dele só têm coragem de falar o que ele falou depois de vestir o pijama’, diz deputado sobre ex-comandante da PM

Sargento Rodrigues, do PL, rebateu críticas feitas por Rodrigo Piassi nesta quarta-feira (25), em discurso de despedida da ativa
O deputado estadual Sargento Rodrigues
Sargento Rodrigues rebateu críticas feitas por Rodrigo Piassi (ao fundo). Foto: Guilherme Bergamini/ALMG

Presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) rebateu, nesta quarta-feira (25), as críticas que recebeu do ex-comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Rodrigo Piassi do Nascimento. Rodrigues chamou de “completa infelicidade” o discurso de Piassi em sua despedida do comando das tropas. O oficial subiu o tom contra o parlamentar e o acusou de incentivar quebras de hierarquia e disciplina por parte de integrantes dos batalhões.

“Coronéis da estirpe dele só têm coragem de falar o que ele falou no discurso depois de vestir o pijama. (Piassi) já foi para a reserva. Por outro lado, quem será hostilizado pela própria tropa será ele, que pregou um pacote de hostilidades do governo — e não era o que a tropa esperava dele”, disse Rodrigues a O Fator, apontando simpatia de Piassi a ideias do governo, como o projeto de lei que pode mudar as alíquotas de contribuição do Instituto de Previdência dos Servidores Militares do Estado de Minas Gerais (iPSM).

Mais cedo, ao transmitir o comando geral da PM mineira ao também coronel Carlos Frederico Otoni Garcia, Piassi classificou Rodrigues como “ameaça segura” ao futuro da corporação. As tensões entre o parlamentar e o oficial se acentuaram há alguns meses e, de lá para cá, travaram embates públicos em sessões da Assembleia. O político do PL cobrava, por exemplo, que o comando da polícia encampasse a reivindicação dos agentes pela recomposição salarial por perdas inflacionárias.

“Hierarquia e disciplina não são sinônimos de cegueira. Os policiais também exercem de direitos fundamentais, como liberdades de expressão, opinião e manifestação”, rebateu o deputado. “O fato de você ser um policial subordinado à hierarquia e à disciplina não significa que você não possa reivindicar”, emendou.

Ao criticar Sargento Rodrigues, Rodrigo Piassi disse enxergar “alinhamento aparente” da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa à postura do deputado estadual.

“Liderar movimento grevista, incitar policiais militares a paralisar suas atividades e a desobedecer as ordens de seus superiores hierárquicos não são atitudes que possuem, a meu ver, elo com as atividades político-legislativas”, falou, no discurso. 

Novo capítulo

Além dos embates com Sargento Rodrigues, Piassi chegou a ter um entrevero com Cristiano Caporezzo (PL), outro deputado da bancada da Segurança Pública na Assembleia.

O presidente da Assembleia (Tadeu Martins Leite, do MDB) sabe que a reclamação é de vários parlamentares. Ele chegou a destratar vários parlamentares aqui. Em que pese ele (Piassi) diga não ser nada pessoal, é uma demonstração clara”, garantiu Rodrigues.

No discurso de despedida, o coronel fez menção à greve de 1997, em que policiais militares de Minas Gerais foram às ruas cobrar aumento nos soldos mensais e melhorias nas condições de trabalho. Em uma das manifestações, um cabo, Valério dos Santos Oliveira, terminou baleado. 

Embora Piassi tenha utilizado a greve para falar sobre exemplos de quebra de hierarquia, Rodrigues afirmou que, em 2016, quando era tenente-coronel, o ex-comandante da PM participou de uma manifestação contra um projeto de lei complementar (PLP) que tramitava no Congresso Nacional e poderia cortar benefícios dos oficiais.

“Na cabeça dele, era muito ruim um deputado sargento da reserva convocar um coronel (para prestar informações à Assembleia). Mas ele esqueceu que estou exercendo um mandato”, pontuou Rodrigues.

Busca por cessar-fogo

Como já mostrou a reportagem, interlocutores do governo de Romeu Zema (Novo) tentam organizar uma reunião entre o novo comandante das tropas e os deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia. O coronel Carlos Frederico Otoni Garcia vai, inclusive, telefonar a Sargento Rodrigues propondo a agenda.

Disposto a abrir pontes de diálogo com o novo comandante, o deputado afirmou que a relação será “republicana”.

Deputado estadual licenciado, o secretário de Estado de Governo, Gustavo Valadares (PMN), disse respeitar a posição de Piassi quanto à relação com a Assembleia, mas manifestou discordância.

“Vamos continuar trabalhando para construirmos uma relação cada dia mais amistosa com a Assembleia Legislativa, a qual respeitamos muito pelo belíssimo trabalho e papel que desempenha no estado de Minas Gerais. E em especial com a Comissão de Segurança Pública, na pessoa de todos os seus cinco membros. Tenho certeza de que o coronel Frederico fará um trabalho de aproximação e de diálogo permanente com a Assembleia Legislativa”, projetou.

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