Um estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) identificou a escassez de mão de obra qualificada como o principal desafio enfrentado por todos os segmentos da cadeia produtiva do leite em Minas Gerais. A pesquisa, que abrangeu seis regiões do estado, incluindo Formiga, Patos de Minas, Juiz de Fora, Três Marias, Pompéu e Uberlândia, envolveu mais de 60 entrevistas com atores-chave de todos os elos da cadeia produtiva.
O diagnóstico estratégico, apresentado parcialmente a interlocutores do governo de Minas, revelou que a falta de profissionais qualificados afeta desde o fornecimento de insumos até o varejo, passando pela produção e processamento do leite. Este gargalo comum surge em um cenário já desafiador para o setor, que enfrenta pressões de custos e margens apertadas.
Além da questão da mão de obra, o estudo apontou outros desafios significativos:
- Para os fornecedores de insumos: problemas relacionados à tributação, escala de produção, logística e acesso à tecnologia por parte dos produtores.
- Para os produtores de leite: preço dos insumos e de venda do produto, custo da energia elétrica, acesso ao crédito e questões de nutrição animal.
- Para os laticínios: dificuldades com a fiscalização, especialmente para obtenção do Selo de Inspeção Federal (SIF), concorrência desleal e problemas com a qualidade do leite recebido.
O estudo também destacou uma relação conflituosa entre os diferentes elos da cadeia, prejudicando o desempenho do setor como um todo. Além disso, foi identificada uma dualidade entre a produção de leite como commodity e a produção de lácteos artesanais premium, levantando questões sobre a viabilidade dessa coexistência.
Estes resultados são particularmente relevantes considerando que Minas Gerais é responsável por 25,3% da captação formal de leite no Brasil, com uma média mensal de 522 milhões de litros, segundo dados do Informativo de Mercado do Leite da FAEMG.
A apresentação deste diagnóstico pela UFV serve como base para a formulação de políticas públicas e estratégias empresariais visando o fortalecimento da cadeia produtiva do leite no estado. A priorização da qualificação da mão de obra emerge como um ponto crucial para melhorar a competitividade do setor leiteiro em Minas Gerais.