As críticas do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) ao governo de Minas Gerais fizeram eclodir uma troca de farpas entre o vice-governador Mateus Simões (Novo), correligionário de Romeu Zema, e o também deputado federal Paulo Abi-Ackel, presidente dos tucanos no estado.
O mal-estar começou quando Aécio apontou “ausência absoluta” do governo mineiro em debates travados no plano nacional. Simões, então, rebateu citando o que chamou de “manchetes vergonhosas” a respeito do deputado. Último a entrar de público na história, nesta quinta-feira (12), Paulo Abi-Ackel recorreu ao passado do vice-governador no ninho e acusou o parceiro político de Zema de promover “ataques gratuitos”.
O primeiro capítulo da contenda aconteceu nessa quarta-feira (11), durante entrevista de Aécio à “FM O Tempo”.
“Algumas funções públicas, e entre elas incluo a de governador do estado de Minas Gerais, têm atribuições que vão muito além do que está constitucionalmente previsto. Influenciar nas grandes decisões nacionais é uma delas e, hoje, há uma ausência absoluta de Minas Gerais em qualquer discussão de relevância para o Brasil. Perde Minas e perde o Brasil”, disse.
Algumas horas depois, Simões utilizou a rede social “X”, anteriormente chamada de Twitter, para a réplica.
“Se para Aécio Neves, ‘irrelevância nacional’ significa não ter o nome ligado a corrupção, rachadinhas ou ameaças, sigo tranquilo. Estamos focados em reconstruir Minas, corrigir seus estragos e tirar o Estado das manchetes vergonhosas que ele nos colocou. Trabalho não falta”, devolveu.
Abi-Ackel, por sua vez, lançou mão da série de absolvições judiciais obtidas por Aécio para defender o aliado.
“Seu esforço (de Simões) para se tornar conhecido dos mineiros, apesar de contar com o uso da máquina pública e da comunicação oficial, não gerou resultados até agora. Diante disso, ele parece recorrer a ataques gratuitos contra aqueles que, em passado recente, bajulava em busca de uma vaga no PSDB, partido ao qual era filiado, para se candidatar a vereador ou deputado estadual, sem obter êxito e sendo derrotado, com pequeníssima votação naquela ocasião”, assinalou.
A disputa eleitoral citada pelo presidente estadual dos tucanos aconteceu em 2014, quando Simões tentou uma vaga na Assembleia Legislativa de Minas Gerais pelo PSDB. Dois anos depois, o hoje vice-governador acabou eleito vereador de Belo Horizonte sob a bandeira do Novo.
Acúmulo de embates
Embora o PSDB não faça oposição a Zema, a relação do partido com o Novo em Minas vem acumulando desgastes. Os tucanos até começaram o primeiro governo do atual chefe do Executivo tendo o líder de governo, o já falecido Luiz Humberto Carneiro. Posteriormente, entretanto, houve dissonâncias. Um dos pontos altos do histórico de desavenças aconteceu dois anos atrás, quando Zema queria ter como candidato a vice o jornalista Eduardo Costa, filiado ao Cidadania, partido que compõe uma federação com os tucanos. Sem o aval do PSDB para a concretização da costura, o Novo apostou em Simões como concorrente a vice.
Segundo Paulo Abi-Ackel, as críticas de Mateus Simões estão relacionadas a um levantamento da Quaest Consultoria e Pesquisa sobre a corrida ao governo de Minas em 2026, que apontou o senador Cleitinho Azevedo, do Republicanos, e Aécio, como os dois primeiros colocados.
Simões, preferido de Zema para concorrer à sucessão, aparece atrás do ex-prefeito Alexandre Kalil e do senador Rodrigo Pacheco (PSD).
“Esse ‘surto’ de Mateus parece decorrer do resultado da pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 12 de dezembro de 2024, que avalia cenários para a disputa ao Governo de Minas Gerais em 2026. Nesse levantamento, o ex-governador e deputado federal Aécio Neves aparece como um nome viável, crescendo de forma expressiva, inclusive nos centros urbanos, e consolidando-se como uma alternativa capaz de conduzir o estado novamente”, falou o correligionário de Aécio