O diplomata aposentado José Maurício Bustani discursou nesta segunda (16) como paraninfo dos formandos do Instituto Rio Branco.
Bustani se tornou mundialmente famoso por peitar o governo Bush antes da Guerra do Iraque. Ele era diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) até 2002, quando foi demitido por pressão do governo Bush.
Em sua autobiografia Surrender is not an Option, lançada em 2007, o diplomata americano John Bolton conta uma parte limitada da história.
Bolton conta como trabalhou em 2002 para demitir Bustani do posto de chefe da Opaq. Bustani havia sido reeleito para o cargo por unanimidade apenas 11 meses antes. Mas no livro Bolton diz que o brasileiro era “um desastre administrativo” e “incompetente”. Ao contrário do que faz em todos os outros episódios do livro, porém, o autor não explica em que consistia o problema ou quais tipos de dificuldades o trabalho ou postura de Bustani causavam.
Bustani queria levar inspetores de armas químicas para o Iraque, o que desarmaria a principal justificativa da administração Bush para invadir o país de Saddam. Muitos anos depois, ao se recordar daquela tarde remota, Bustani classificou: “John Bolton é um bully”.
Bustani disse hoje, na cerimônia transmitida ao vivo: “Muito me sensibilizou o convite para ser paraninfo dessa turma de diplomatas. Especialmente após a tentativa de 2020, quando o desejo da turma foi frustrado pela orientação da então chefia da casa”.
Em 2019, a Folha publicou que o comando do Itamaraty havia vetado a homenagem dos formandos a Bustani.
Bolton visitou Bolsonaro na Barra da Tijuca no fim de 2018, pouco depois da eleição.