A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), estatal federal vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, executou no ano passado menos de 0,1% – um milésimo – do orçamento destinado a investimentos administrativos.
Os dados estão em portaria do Ministério da Gestão publicada na quinta passada (30), com o relatório de execução orçamentária das estatais.
Pelo balanço do ministério, a Finep realizou em 2024 pouco mais de R$ 6,8 mil em investimentos – de um total de R$ 10,7 milhões previstos.
A porcentagem correta é 0,06%, mas o aproveitamento consta como “0,1%” na portaria.
Com exceção das estatais que investiram zero, a Finep teve de longe a menor execução proporcional de investimentos.
A Hemobrás, por exemplo, executou mais de 66% de sua verba de investimentos. Os Correios chegaram a quase 62%. A Petrobras passou dos 65%.
A CeasaMinas, estatal federal sediada em Contagem, executou pouco menos de 12%, como O Fator mostrou ontem.
Procurado, o Ministério da Ciência e Tecnologia destacou que o orçamento na portaria “visa à melhoria interna da empresa e não à sua operação”, ou seja, não diz respeito aos programas operados pelas estatais com outras empresas e atores.
O MCTI acrescentou que houve “postergação dos planos de investimento” na Finep, sem dar detalhes.
A Finep disse em nota que os investimentos informados na portaria do Ministério da Gestão são para atividades administrativas da empresa, como “reformas de imóveis próprios e aquisição de equipamentos de informática para seus empregados”.
“Nos últimos dois anos, os ganhos de produtividade da Finep foram enormes, a maior parte ocorrendo sem a necessidade da aplicação desses recursos financeiros”, acrescentou.
“Dado que o orçamento da União não é impositivo, e sim autorizativo, a Administração da Finep entendeu que os investimentos previstos poderiam ser transferidos para o exercício 2025, sem qualquer prejuízo do objetivo principal da empresa, que é o de financiar a pesquisa e a inovação em Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e empresas brasileiras”, disse a estatal.
A Finep respondeu ainda que, em termos operacionais, “disponibilizou, por meio de financiamentos reembolsáveis (ela opera com taxas de juros menores em comparação ao mercado) e não reembolsáveis, todo o orçamento do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que totalizou R$ 12,7 bilhões”.
Com sede no Rio, a Finep concede empréstimos e também recursos não-reembolsáveis a instituições de pesquisa e empresas brasileiras. Em parceria com o Senai, por exemplo, vai aportar R$ 16,4 milhões em projetos de fábricas inteligentes, envolvendo robótica, inteligência artificial e a chamada Internet das Coisas.
Em 2023 a execução de investimentos administrativos da Finep foi de 34,7%, bem mais do que ano passado.