Uma empregada doméstica mineira, já aposentada, recebeu uma herança milionária de seu ex-patrão americano após uma longa busca para localizá-la. No testamento do empresário, que morreu na Califórnia, ela era identificada apenas como “Maria”.
A história foi relatada nesta quinta (6) pelo canadense Norman Baldwin, sócio de uma consultoria de riscos e especialista em investigações em fontes abertas (ou seja, dados públicos).
Norman relatou a história no LinkedIn e deu mais detalhes em conversa hoje por telefone com O Fator.
Um tribunal na Califórnia julgava um caso sobre um testamento no qual o falecido havia deixado uma grande quantia de dinheiro para “Maria”, uma cidadã brasileira, contou ele.
“Vários esforços para localizá-la falharam, e a família do falecido sentia que esse dinheiro deveria ser dado a eles. O falecido, um empresário americano, havia trabalhado em São Paulo na década de 1990 e, por alguns anos, empregou Maria como sua governanta, que foi indicada no testamento como a destinatária pretendida” de uma parte da herança.
O testamento continha apenas o nome dela e dizia que ela havia trabalhado na cidade de São Paulo. E só.
Um procurador da Califórnia contratou a empresa de Baldwin para localizar Maria depois de outra empresa não conseguir achá-la.
“Depois de peneirar centenas de pessoas com o mesmo nome, e outros tantos locais possíveis, reduzimos nossa busca por Maria a uma área rural, de renda muito baixa, no estado de Minas Gerais. Vários telefonemas para possíveis vizinhos não deram em nada, mas uma ligação de golpe de sorte para a única mercearia em uma vila próxima resultou em um acerto. O dono conhecia Maria e seu marido, e se ofereceu para nos ligar na próxima vez que qualquer um deles viesse”, contou Baldwin.
Algumas semanas depois o dono da mercearia ligou, dando a Baldwin o número de um amigo de Maria que morava na área.
“Liguei para o amigo, que me disse que infelizmente Maria não tinha telefone. Depois que expliquei a situação para ele, em uma cena digna de um filme, ele cavalgou alguns quilômetros pela estrada até a casa dela, onde encontrou Maria alimentando suas galinhas. Colocando-a na linha comigo, ela confirmou que havia trabalhado para o falecido e quase desmaiou quando contei quanto dinheiro ela havia herdado, o que provavelmente era mais do que ela havia ganhado em toda a sua vida. Depois que todas as lágrimas passaram (as dela e as minhas!), eu disse a ela que providenciaríamos para ela receber os fundos em um banco em uma cidade próxima”.
Norman contou a O Fator que o empresário americano morreu em 2020, e que Maria foi localizada em 2021.
Ele disse que a quantia recebida por Maria em dólares chegaria a mais de R$ 1 milhão hoje, embora não no câmbio da época.
Norman não informou a cidade em que Maria mora, mas disse que um sócio brasileiro, nascido em Uberlândia, foi fundamental para localizá-la.
Ele contou que a história com final feliz foi bem interessante, já que normalmente sua consultoria trabalha com temas mais áridos, como abuso, assédio, corrupção e lavagem de dinheiro.
Maria morava na periferia de São Paulo, mas por um tempo chegou a morar na casa do empresário americano, no bairro dos Jardins, sem relação romântica.
Segundo Norman, ela estava “em ótima saúde” na última vez em que tiveram contato.
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