‘Fuad deixa legado que ultrapassa mandatos’, diz chefe de gabinete

Em texto enviado a O Fator, Daniel Messias prestou homenagem ao prefeito de Belo Horizonte
O prefeito Fuad Noman
Fuad morreu nessa quarta-feira (26), aos 77 anos. Foto: Junia Garrido/Campanha Fuad Noman

O chefe de gabinete do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), Daniel Messias, disse, em texto enviado a O Fator nesta quinta-feira (27), que o legado do chefe do Executivo “ultrapassa mandatos”. Segundo Messias, Fuad se notabilizou pela crença na “importância de construir pontes” e no “valor da escuta”.

“Nos despedimos com tristeza, mas também com gratidão. Gratidão por sua vida dedicada ao bem público, por sua ética, por seu exemplo silencioso e transformador. Fuad Noman deixa um legado que ultrapassa mandatos: deixa um jeito de ser, um jeito de servir, um jeito de vestir, um jeito de amar”, afirmou. (Leia a íntegra do depoimento abaixo)

Messias, um dos assessores mais próximos a Fuad, esteve nessa quarta-feira (26) no Hospital Mater Dei, casa de saúde que abrigava o prefeito desde janeiro. O pessedista morreu por causa de complicações decorrentes de um linfoma anunciado em julho do ano passado.

“Fuad acreditava no poder da escuta, no valor da empatia e na importância de construir pontes. Tinha um olhar humano, paciente, e ao mesmo tempo firme diante dos desafios. Sabia que governar é, acima de tudo, cuidar — e ele cuidava da cidade como cuidava dos seus: com afeto, responsabilidade e generosidade”, pontuou o chefe de gabinete.

Fuad recebeu diversas homenagens após o falecimento. João Paulo Barros, que antecedeu Messias na chefia do gabinete do político do PSD, também escreveu um texto em deferência ao prefeito.

Ainda ao comentar sobre a convivência com Fuad, Daniel Messias fez menção aos tradicionais suspensórios utilizados pelo prefeito.

“Fuad conquistou Belo Horizonte também pela sua imagem afetiva: o vovô de suspensórios, simpático, acessível, sempre pronto a ouvir. Foi assim, com esse carisma único e com uma trajetória de responsabilidade, que ele se reelegeu prefeito da terceira maior capital do país. Era querido não só pelo que fazia, mas por quem ele era”, pontuou.

Texto de Daniel Messias sobre Fuad Noman:

Na manhã do dia 26 de março de 2025, Belo Horizonte se despediu de um de seus grandes líderes públicos: Fuad Noman. Mais do que um político experiente, Fuad era um homem de escuta atenta, de fala serena e de uma dedicação incansável ao serviço público. Sua ausência deixa um vazio difícil de preencher — não apenas nas instituições, mas principalmente nos corações de quem teve o privilégio de conviver com ele.

Fuad construiu uma trajetória sólida, pautada pelo diálogo e pelo compromisso com a cidade. Economista por formação e gestor por vocação, ele enfrentava com serenidade as complexas demandas da administração pública. Tinha a rara habilidade de enxergar as pessoas por trás dos números e das planilhas. Era um homem que sabia ouvir — ouvir de verdade. Escutava servidores, moradores, lideranças comunitárias, colegas de governo — e todos sentiam que suas vozes tinham valor. Foi assim que se tornou uma figura respeitada por todas as esferas da sociedade, independentemente de ideologias.

E se havia algo que era sua marca registrada, era o suspensório. Fuad conquistou Belo Horizonte também pela sua imagem afetiva: o vovô de suspensórios, simpático, acessível, sempre pronto a ouvir. Foi assim, com esse carisma único e com uma trajetória de responsabilidade, que ele se reelegeu prefeito da terceira maior capital do país. Era querido não só pelo que fazia, mas por quem ele era.

Fuad tinha um jeito leve de conduzir até os temas mais áridos. Costumávamos brincar com ele porque, em toda reunião, ele tinha um “causo” novo para contar. E sempre tinha. Era assim que ele conquistava — com uma história bem contada, com bom humor na medida certa, com o olhar de quem já viveu muito e sabia traduzir complexidades em humanidade. Como bom escritor que era, carregava consigo o dom da palavra simples e sábia, que fazia até os assuntos mais pesados parecerem mais leves.

De família tradicional síria, carregava com orgulho sua herança. Amava uma mesa farta, como toda boa família árabe, e fazia questão de reunir os seus sempre que podia. Porque, no fim das contas, era isso o que mais importava para ele: a família. Foi casado durante 52 anos com o grande amor de sua vida, dona Mônica — uma história de parceria, respeito e cumplicidade. Pai amoroso de Paulo e Gustavo, Fuad era também um avô coruja, que vibrava com cada conquista dos netos João Pedro, Mateus, Isabela e Rafael, por quem ele tinha verdadeira devoção.

Torcedor apaixonado do Clube Atlético Mineiro, Fuad carregava no peito as cores alvinegras com orgulho. O Galo era parte de sua identidade e de suas alegrias. Nos momentos de lazer, o futebol unia ainda mais a família e trazia à tona aquele sorriso largo que todos conheciam.

Essa sensibilidade tão própria também se refletia em sua forma de governar. Fuad acreditava no poder da escuta, no valor da empatia e na importância de construir pontes. Tinha um olhar humano, paciente, e ao mesmo tempo firme diante dos desafios. Sabia que governar é, acima de tudo, cuidar — e ele cuidava da cidade como cuidava dos seus: com afeto, responsabilidade e generosidade.

Hoje, nos despedimos com tristeza, mas também com gratidão. Gratidão por sua vida dedicada ao bem público, por sua ética, por seu exemplo silencioso e transformador. Fuad Noman deixa um legado que ultrapassa mandatos: deixa um jeito de ser, um jeito de servir, um jeito de vestir, um jeito de amar.

Belo Horizonte sentirá falta do homem, do pai, do avô, do amigo e do prefeito que nos ensinou que ouvir pode ser o gesto mais nobre de um líder.

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