Fuad se esquiva de apoio público de Lula e tenta ‘esconder’ PT, mas tem Marília como cabo eleitoral

Prefeito recorre a ‘malabarismos’ para evitar associação com os petistas e chegou a cancelar agendas com ministros de Estado
Recusando “padrinhos”, o atual prefeito tem adotado o discurso de ser o candidato das suas próprias realizações | Fotos Júnia Garrido / Campanha Fuad Noman

Para manter a estratégia de não replicar em Belo Horizonte a polarização nacional entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), o prefeito Fuad Noman (PSD) tem recorrido a “malabarismos” para aceitar apoios estratégicos de setores da esquerda, mas impedir uma certa “estigmatização” por isso.

Se, nesta quarta-feira (16), Fuad abriu espaço generoso em seu programa eleitoral na TV para a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), pediu o adiamento, para depois do segundo turno, de reuniões com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e com o ministro dos Transportes, Renan Filho. Embora Filho pertença ao MDB, a ideia de postergar os encontros está amparada na ideia do prefeito de não dar a impressão de que as agendas têm caráter eleitoral e estão associadas ao PT.

A aparição de Marília, reeleita no primeiro turno, aconteceu em uma peça que listava prefeitos eleitos da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apoiadores da candidatura de Fuad.

Durante um minuto e trinta e seis segundos – tempo precioso em campanhas eleitorais – a prefeita petista declarou: “Já estou declarando esse apoio (…) Que você seja o prefeito de Belo Horizonte junto com a gente”. Apesar da fala, Marília não foi creditada como filiada ao partido de Lula.

No dia seguinte ao primeiro turno, ocorrido no domingo (6),  Fuad fez uma aparição pública com um suspensório vermelho — um aceno nem tão subliminar ao campo progressista da capital. Nos dias posteriores ao resultado da primeira etapa da eleição, o prefeito recebeu o apoio do deputado federal Rogério Correia, candidato do PT na capital, e ainda foi tema de uma resolução do diretório municipal petista, que orientou o voto na chapa do PSD contra Bruno Engler (PL).

Entretanto, quando o assunto é o apoio do presidente Lula, Fuad tergiversa. Nessa terça-feira (15), em participação na sabatina promovida por “UOL” e “Folha de S. Paulo”, o pessedista disse não acreditar na participação do presidente Lula em sua campanha.

“O presidente Lula participou da campanha do Rogério (Correia) e não deve participar da minha, não faz sentido o presidente vir aqui agora fazer parte da minha campanha. Então, eu não entendo o presidente como um membro atuante da minha campanha”.

Recusando “padrinhos”, o atual prefeito tem adotado o discurso de ser o candidato das suas próprias realizações. Marília Campos, inclusive, também adotou certo distanciamento estratégico. Em várias entrevistas, explicitou divergências com pautas defendidas pelo PT e reclamou mais de uma vez da interlocução do governo federal com as prefeituras.

A tática adotada por Fuad neste segundo turno diverge em partes da postura na reta final do primeiro turno. À ocasião, o prefeito tentou se portar como o único de orientação progressista com viabilidade de chegar à etapa derradeira do pleito.

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