O Partido Novo viveu dias intensos em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Após decidir ficar neutro na disputa pela prefeitura da cidade, a legenda teve a direção municipal trocada. A nova composição da cúpula do Novo, então, mudou a rota e definiu o embarque na coligação de Renato Fraga, do Republicanos.
Os novos rumos, porém, foram definidos em 24 horas. Isso porque a convenção que bateu o martelo pela neutralidade aconteceu na segunda-feira (5), enquanto a decisão pelo apoio a Fraga foi tomada na nessa terça-feira (6).
Antes da mudança, o presidente do Novo em Valadares era Elias de Pinho Silveira Junio. Agora, a direção municipal do partido é encabeçada por Ulisses Flauzino Godinho.
Segundo apurou O Fator, a mudança no comando da instância municipal aconteceu após uma intervenção da Executiva estadual, simpática a uma aliança com o Republicanos. A antiga cúpula do Novo em Valadares, por sua vez, teria sinalizado, nos bastidores, o desejo de caminhar com a chapa do deputado estadual Coronel Sandro (PL).
“Na convenção (os integrantes da antiga direção do Novo) declaram que não se coligariam e ficariam neutros, mas após a convenção fizeram exatamente o contrário: participaram ativamente da convenção do Partido Liberal, adversário do Republicanos. Este é um momento de manter a cautela e garantir apoio e estrutura para manutenção das candidaturas dos 22 pré-candidatos ao legislativo municipal”, disse Ulisses Godinho, à reportagem.
O Fator tentou contato com Elias de Pinho, o antigo presidente do Novo na cidade. Elias respondeu aos questionamentos da reportagem nesta quinta-feira (8)*.
Ele disse ter cumprido todos os trâmites para a convocação da primeira convenção, mas afirmou ter sido “surpreendido” com um vídeo em que o vice-governador mineiro, Mateus Simões, filiado à legenda, declarava apoio a Fraga.
“Isso (o vídeo) gerou a insatisfação de uma ala do partido – tanto de filiados como de pré-candidatos. Fomos para a convenção na segunda-feira e, quanto foi deliberado o assunto de coligação majoritária, pré-candidatos e filiados se manifestaram a favor de uma neutralidade, aprovada de forma unânime por todos os presentes aptos a votar”, indicou.
Elias ainda garantiu ter recebido com surpresa a destituição da antiga direção do Novo na cidade. Ele relatou ter descoberto a troca no comando do diretório “por terceiros”. O ex-presidente negou o desejo da antiga cúpula da agremiação sobre um apoio a Coronel Sandro.
“A convenção foi feita de forma imparcial, ouvindo democraticamente o desejo de todos os pré-candidatos e filiados”, assegurou.
Nova crise
A disputa eleitoral entre os as chapas de PL e Republicanos, aliás, já havia gerado outra crise na direita valadarense.
Como mostrou O Fator, o empresário Alex Sandro Coelho Diniz, primeiro suplente do senador Cleitinho, filiado ao Republicanos, abriu mão da vice-presidência estadual do partido em meio a insatisfações. Ele chegou a atirar uma camisa da agremiação em uma lata de lixo.
Alex é apoiador da candidatura de Sandro e queria que sua legenda apoiasse a empreitada do deputado estadual em vez de depositar fichas em Fraga. Nos bastidores, a antiga composição do Novo era vista como próxima do empresário. À reportagem, Elias de Pinho afirmou ter conversado com vários interlocutores da cidade durante o período de construção do cenário político para o pleito de outubro — entre as lideranças com quem houve diálogo, diz, estava Alex Diniz.
Além do PL, a coligação de Coronel Sandro tem as participações de PRTB e PMB. Já Renato Fraga e o Republicanos contam, fora o Novo, com os apoios de Agir, Avante, Democracia Cristã (DC), Podemos, PP, PRD, PSD, PSDB, Cidadania, Solidariedade e União Brasil.
*Texto atualizado às 10h25 de quinta-feira (8 de agosto), com o objetivo de incluir o posicionamento de Elias de Pinho.