O ceticismo da XP Investimentos sobre as privatizações de Cemig e Copasa

Corretora diz que relacionamento entre governo e Assembleia ‘não é sólido o suficiente’ para garantir a aprovação das alterações
Foto mostra a logomarca da XP Investimentos
XP Investimentos se posicionou sobre possíveis privatizações em Minas. Foto: XP/Divulgação

Uma das principais corretoras de investimentos do Brasil, a XP está cética quanto à possibilidade de venda de ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). A instituição emitiu comunicado ao mercado para dizer que “não acredita” no avanço dos projetos de privatização das duas estatais mineiras. Os textos foram enviados à Assembleia Legislativa (ALMG) na quinta-feira (14).

“Embora isso seria (sic) um evento positivo para ambas as empresas, não acreditamos que essas aprovações sejam prováveis. Primeiro, o relacionamento entre o governador e a ALMG não é sólido o suficiente para obter os votos necessários para todas as mudanças na constituição. Em segundo lugar, no caso da Copasa, os municípios – especialmente Belo Horizonte – devem concordar com uma solução comum para as concessões, o que pode ser um processo demorado”, lê-se em trecho da análise da XP, enviada ao mercado na sexta-feira (15).

As considerações da corretora são assinadas por Vladimir Pinto, chefe da área de Saneamento e Energia da XP, e por Bruno Vidal, integrante da equipe de análise da empresa. Para embasar a opinião, a dupla se ampara no processo Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), concluído em julho deste ano.

“No caso da Sabesp, a aprovação da assembleia estadual veio acompanhada de um acordo com todos os municípios atendidos, o que fez com que o tempo entre a aprovação da assembleia estadual e a privatização final fosse curto. Por fim, o prazo para uma privatização parece ser curto, dado que no segundo semestre de 2026 haverá eleições estaduais e federais, o que torna qualquer privatização mais difícil de implementar”, afirmam.

A corretora se posicionou sobre a questão porque, em caso de sucesso das operações de privatização, as ações poderiam ser negociadas em bolsas de valores.

Em que pese a descrença da XP, o governo de Minas Gerais acredita ser possível realizar os leilões de ações da Cemig e da Copasa no segundo semestre do ano que vem. A possibilidade foi citada pelo vice-governador Mateus Simões (Novo) no ato de entrega dos projetos de privatização à Assembleia

“Para isso (promover os leilões no segundo semestre de 2025), a gente precisa que esses projetos tenham tramitação com uma boa velocidade. Eu diria que é uma perspectiva razoável que a gente tenha votações no começo do próximo ano”, falou Simões.

Os planos para Cemig e Copasa

O projeto da Cemig gira em torno da transformação da energética em uma corporation. O modelo permite a pulverização de ações da companhia, mas com o Executivo estadual tendo uma ação preferencial especial, a chamada golden share, que serviria para fazer valer, por exemplo, o poder de veto em decisões estratégicas.

A estatal de saneamento, por sua vez, poderia seguir dois caminhos de desestatização. Um, versa sobre a alienação total ou parcial da fatia do estado na participação societária da empresa. Outro, aborda uma possível “capitalização, mediante o aumento de capital, com renúncia ou cessão, total ou parcial, dos direitos de subscrição”.

Na semana passada, O Fator mostrou que deputados acreditam mais na privatização da Copasa do que na eventual venda de fatias da Cemig.

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