O novo capítulo da batalha entre CSN e Ternium por uma indenização bilionária por mudanças na Usiminas

Gigantes da siderurgia brigam na Justiça por conta de mudanças no controle da Usiminas na década passada
Planta produtiva da Usiminas
Operação contestada na Justiça ocorreu em 2011. Foto: Usiminas/Divulgação

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) emitiu um forte comunicado nesta quinta-feira (30) contra declarações do prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes (PL), que havia convocado outros prefeitos mineiros a defenderem a Usiminas em meio a uma disputa judicial bilionária. Em nota oficial, a CSN classificou as afirmações do prefeito como inverídicas e anunciou que tomará medidas legais contra tentativas de macular sua imagem.

A controvérsia se desenrola no contexto de uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que em dezembro de 2024 determinou que a siderúrgica Ternium, uma das proprietárias da Usiminas, deve pagar uma indenização de R$ 2,6 bilhões à CSN. A disputa teve origem em 2011, quando o grupo ítalo-argentino Ternium adquiriu participação significativa na Usiminas, comprando ações do Grupo Votorantim/Camargo Corrêa e da Caixa de Empregados da Usiminas.

Na decisão unânime, o STJ entendeu que a operação configurou uma efetiva alienação do controle da companhia, o que deveria ter resultado em uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), conforme previsto na Lei das Sociedades Anônimas. Do valor total da indenização, R$ 1,9 bilhão ficará a cargo da Ternium Investments, enquanto R$ 700 milhões serão de responsabilidade da Ternium Argentina, além de R$ 5 milhões em honorários advocatícios.

A CSN argumenta que a Ternium está tentando, de forma inadequada, envolver a Usiminas em uma disputa da qual ela não faz parte. A empresa brasileira destaca em sua nota que o grupo Ternium registrou faturamento de US$ 17,6 bilhões (mais de R$ 105 bilhões) apenas em 2023 no segmento do aço na América Latina, valor que seria suficiente para pagar a indenização mais de 20 vezes.

A mudança na estrutura de poder da Usiminas foi um ponto crucial na decisão judicial. Antes da operação questionada, o bloco de controle era composto pelo Grupo Nippon (27,76%), Grupo Votorantim/Camargo Corrêa (25,97%), Caixa de Empregados da Usiminas (10,13%) e Companhia Vale do Rio Doce, com decisões tomadas de forma compartilhada. Após a entrada da Ternium, um novo acordo de acionistas estabeleceu que decisões estratégicas passariam a depender da aprovação de 90% das ações vinculadas, com necessidade de consenso específico entre Grupo Nippon e Grupo Ternium para indicação do diretor-presidente.

A CSN enfatizou que mantém mais de 10,5 mil funcionários diretos no estado, com uma folha salarial anual de aproximadamente R$ 505 milhões, além de contribuir com R$ 516 milhões em tributos estaduais. A empresa está presente em 11 municípios mineiros: Arcos, Barbacena, Barroso, Congonhas, Contagem, Montes Claros, Ouro Preto, Pedro Leopoldo, Perdizes, Rio Acima e Uberlândia.

Por outro lado, a Ternium mantém sua posição contrária à decisão judicial. Em comunicado ao mercado, a empresa afirmou que “continua acreditando que todas as reclamações e alegações da CSN são infundadas e sem mérito” e indicou que pretende “continuar defendendo seus direitos vigorosamente e apresentar todas as apelações e recursos disponíveis”.

A decisão do STJ estabeleceu que a indenização deve ser calculada pela diferença entre o valor de mercado das ações e o valor pago por ação integrante do bloco de controle, multiplicado pela quantidade de ações com direito a voto pertencente aos autores da ação. O valor será atualizado monetariamente desde a data do acordo, com incidência de juros de mora de 1% ao mês desde a citação.


Leia também:

Lula: ‘Quero que Pacheco seja governador de Minas Gerais’

O novo capítulo da batalha entre CSN e Ternium por uma indenização bilionária por mudanças na Usiminas

Maior bloco da Câmara de BH ainda não definiu se vai integrar base de Fuad

Veja os Stories em @OFatorOficial. Acesse