Guilherme Peixoto
O cancelamento de uma reunião entre integrantes da cúpula da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), servidores da estatal e deputados estaduais, prevista para esta quinta-feira (13), deflagrou uma nova dissonância entre a direção da empresa e sindicatos. O encontro havia sido organizado como parte da mesa de negociações para encerrar o impasse em torno do futuro aumento de 60,5% nas contribuições do plano de saúde corporativo da empresa, mas acabou não acontecendo.
Segundo Emerson Andrada, coordenador-geral do Sindieletro, que representa os eletricitários, a estatal questionou o número de representantes designados pelas entidades de classe. Além dos sindicalistas, foram à sede da Cemig para a agenda frustrada os deputados Leleco Pimentel (PT) e Professor Cleiton (PV).
“A gente passou para a Cemig uma listagem com oito nomes de representantes dos beneficiários, mais os dois deputados. Inicialmente, a Cemig disse que nossa bancada estava muito extensa e que teria dificuldades de arrumar uma sala para reunião com todas essas pessoas. Depois, tentou problematizar a participação de alguns membros dizendo que não eram do Sindieletro – que respondeu que a empresa não poderia participar como nossos representantes”, afirmou Andrada.
Interlocutores da Cemig, entretanto, garantem que a lista de participantes da reunião desta quinta-feira não foi previamente acordada. O entendimento é de que ainda é preciso definir como os deputados participarão do processo de negociação, para permitir que tanto parlamentares de oposição quanto integrantes da base do governador Romeu Zema (Novo) tenham assento no grupo. Por isso, dizem essas fontes, o encontro foi cancelado.
Ainda conforme interlocutores da companhia, a reunião começaria às 11h, mas só às 10h15 o sindicato enviou a lista de participantes, com um número bem maior do que o acordado na semana anterior.
Surpresa no itinerário
A O Fator, Professor Cleiton disse ter sido comunicado do cancelamento da reunião quando estava em direção à Cemig. O edifício-sede da estatal e o Palácio da Inconfidência, que abriga os trabalhos da Assembleia Legislativa, são separados por poucos quarteirões da Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
“Quando estávamos em direção à Cemig, Leleco recebeu uma ligação avisando que a Cemig estaria cancelando a reunião. Chegamos lá e o que era para ser uma reunião com a empresa virou uma reunião nossa (dos deputados) com os representantes sindicais, com uma ata, para prestar conta às entidades (de classe)”, relatou.
A participação dos deputados na reunião desta quinta foi tema de parte de audiência pública ocorrida na terça-feira (11). O encontro contou com as participações de Reynaldo Passanezi, presidente da Cemig, e de Anderson Ferreira, presidente da Cemig Saúde.
“Na minha avaliação, eles fizeram isso como uma retaliação por conta da insatisfação com algumas falas de deputados durante a audiência – e com as manifestações de sindicalizados, que, durante muito tempo, vaiaram os presidentes da Cemig e da Cemig Saúde”, assinalou Professor Cleiton, que acredita na possibilidade de Passanezi ser convocado para prestar novas informações em uma segunda audiência na Assembleia.
A reportagem procurou a Cemig para obter uma posição oficial a respeito do cancelamento da reunião. O espaço segue aberto para manifestação.
