A Vinci Highways, subsidiária do grupo francês Vinci, venceu, nesta quinta-feira (26), o leilão da BR-040, com um desconto de 14,32% sobre a tarifa de pedágio. A concessão, conhecida como Rota dos Cristais, liga Cristalina (GO) a Belo Horizonte em um trecho de 594 quilômetros (km).
O Fator apurou que o interesse da Vinci foi motivado, principalmente, pelo tráfego previsível – o número de veículos que trafegam pelo trecho. O Capex, sigla que corresponde ao investimento necessário em novas obras, também atraiu a empresa, uma vez que o número de intervenções necessárias é baixo em relação a outros projetos.
A rodovia recebe cerca de 70 mil veículos por dia, sendo 70% caminhões. A Vinci considerou o critério de tráfego previsível ao fazer proposta porque a rodovia já era operada com pedágio pela Invepar, que devolveu o trecho ao poder público, permitindo a relicitação.
A CCR, tradicional player do setor, ofereceu apenas 1,75% de desconto, mantendo a postura conservadora adotada em leilões recentes. O BTG Pactual, por sua vez, participou sozinho com um lance de 7,5% de desconto, demonstrando interesse em projetos rodoviários após ter perdido a disputa pelo Rodoanel de São Paulo. O banco tinha um acordo com a construtora Barbosa Mello para a execução das obras.
O consórcio formado pela gestora 4UM e Opportunity ofereceu 9,09% de desconto, ficando em segundo lugar.
Esta é a primeira concessão rodoviária conquistada diretamente pela Vinci no Brasil. A empresa já opera diversos aeroportos no país, incluindo o de Salvador, e recentemente adquiriu 55% da Entrevias, concessionária de rodovias em São Paulo, do banco Pátria.
O contrato tem duração de 30 anos e prevê investimentos de R$ 6,6 bilhões, além de custos operacionais de R$ 6,4 bilhões. Entre as melhorias previstas estão 342 km de faixas adicionais e 9,9 km de duplicação.
A BR-040 é considerada estratégica para o agronegócio, conectando o Centro-Oeste a Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Antes, a concessão da BR-040 estava amparada em um trecho entre Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Brasília (DF). Depois, o governo federal optou por “fatiar” a gestão da via em três porções. O trecho entre Juiz de Fora e BH, por exemplo, teve a licitação vencida pela EPR.
Com o fim da concorrência para o percurso BH-Cristalina, é preciso, ainda, promover o pregão do caminho entre a capital federal e a cidade goiana. O terceiro trecho será incluído em um projeto de concessão organizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), com a previsão de abarcar trechos que estão ao norte do Distrito Federal.