Quando retornar de férias, na próxima segunda-feira (28), a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), vai se dedicar ao redesenho da gestão de seu próximo mandato, de modo a contemplar nomeações de aliados da coligação de 14 partidos que apoiaram sua reeleição — quantidade três vezes maior que a da vitória de 2020, quando teve a adesão de apenas quatro legendas.
Para acomodar todos os aliados, além das atuais 19 secretarias e duas autarquias — a Fundação de Ensino de Contagem (Funec) e a Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon) —, duas novas pastas podem ser criadas: a de Trabalho e Renda, atualmente com status de subsecretaria vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, e a de Habitação, também em nível de subsecretaria, no setor de Desenvolvimento Urbano.
A prefeita do município da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) vai se reunir com presidentes de partidos aliados na segunda-feira. No encontro, ela vai apresentar os critérios para a formação do novo governo.
Interlocutores da gestão ouvidos por O Fator relataram que a expectativa é de que em dezembro os nomes dos novos secretários já estejam definidos, dando a eles um mês para a transição.
A lista de agremiações sem cargos no atual mandato de Marília tem o PSD, que abriga o vice-prefeito, Ricardo Faria. Uma das lideranças dos pessedistas em Minas Gerais, o ministro Alexandre Silveira, da pasta de Minas e Energia, tem negociado mais espaço e posições estratégicas para a legenda no segundo mandato.
Por outro lado, o entorno da prefeita assegura que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que também é do PSD, não fez qualquer tipo de pedido, principalmente no que se refere a cargos, em troca do apoio cedido à petista. Os mesmos interlocutores lembram que Pacheco assegurou R$ 23 milhões, junto ao governo federal, para custear a terceira etapa do “Projeto Asfalto Novo” em Contagem, um dos maiores do estado de Minas Gerais. O recurso faz parte de um total de R$ 80 milhões que serão aportados pelo senador na cidade.
Outra legenda que pleiteia espaços estratégicos é o União Brasil, presidida pelo advogado Jorge Periquito. O partido possui o atual presidente da Câmara Municipal, Alex Chiodi, e terá três vereadores na próxima legislatura. Periquito teve papel decisivo na desarticulação da base de apoio da pré-candidatura do ex-deputado federal Felipe Saliba à Prefeitura de Contagem — crítico mais ácido da petista.
Embora hoje integre a Federação Brasil da Esperança junto com o PT e o PCdoB, o Partido Verde (PV) está sub-representado no governo. Isso porque, em 2020, os verdes não caminharam com Marília nem mesmo no segundo turno. Foi após a formação da federação, em abril do ano retrasado e depois da mudança de comando do diretório municipal que o PV passou a ocupar cargos na gestão.
O presidente do diretório local do PV, Rodrigo Tomaz, está cotado para assumir uma secretaria no segundo mandato da petista. Quadro experiente, Tomaz é atualmente administrador da Regional Eldorado, mas já presidiu a Transcon.
Depois de terminar uma rivalidade de mais de 20 anos para apoiar a reeleição de Marília nesta eleição, o PSDB também aguarda por vagas. Nas primeiras negociações, os tucanos pediram a Controladoria-Geral ou a Procuradoria-Geral do município, para o advogado Marius Carvalho. Entretanto, o entendimento de fontes próximas a Marília é que são pastas por onde passam temas muito sensíveis à gestão para serem entregues a um aliado cuja “lealdade” ainda não foi testada.