Guilherme Jorgui
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) investiga um esquema de funcionários fantasmas na Prefeitura de Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, envolvendo indicações políticas do partido Avante. A legenda emplacou, entre 2021 e 2022, o procurador-geral do município, Weber Dias, que deveria ser um dos principais responsáveis por fiscalizar possíveis irregularidades na administração municipal.
Antes de assumir o cargo em Ibirité, Dias já havia ocupado, também por indicação do Avante, as diretorias da Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab Minas) e da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) de Belo Horizonte. Ele ainda foi controlador-geral de Contagem durante a gestão do ex-prefeito Alex de Freitas — atual presidente estadual do Avante.
Segundo inquérito civil instaurado pela 6ª Promotoria de Justiça de Ibirité, cinco servidores comissionados da Secretaria Municipal de Obras nunca compareceram ao trabalho, mas recebiam salários regularmente. Dois deles, conforme a investigação, prestavam serviços particulares para um vereador da cidade.
Em uma visita à sede da pasta de Obras, oficiais do Ministério Público constataram que os servidores Cléber Batista, Jacinta de Fátima Ricardo, Jacqueline Miranda Alves Pereira, Raimundo Nonato Barbosa Nascimento e Edmilson Gonçalves Caldeira eram desconhecidos pelos funcionários do setor. A chefe do RH da Secretaria de Obras, Karen Deirdre de Almeida, confirmou que alguns deles só foram vistos durante um recadastramento feito para o recebimento de auxílio-alimentação.
O inquérito revela ainda que uma das investigadas, Jacqueline Miranda, afirmou ser indicação do deputado federal Luis Tibé (Avante) e que trabalharia no gabinete do prefeito, e não na Secretaria de Obras. Ela já havia ocupado cargo de secretária parlamentar na assessoria de Tibé. No Diário Oficial de Ibirité consta que ela foi nomeada em fevereiro de 2021, lotada na Secretaria Municipal de Governo e Comunicação Social.
Segundo a promotora Maria Constância Martins da Costa Alvim, não se trata de caso isolado. Há cerca de 30 servidores investigados por situações semelhantes na prefeitura, sendo que um terço deles está lotado na Secretaria de Obras. Entre os investigados, estão o prefeito William Parreira Duarte, o secretário de Obras André Lima Belico e o vereador Wanderlei Martins de Paula, além de Tibé. O Ministério Público expediu recomendação para que a prefeitura tome providências em relação aos servidores fantasmas no prazo de cinco dias.
A O Fator, Weber Dias disse que não detinha nenhuma influência sobre qualquer nomeação e que assumiu o posto para substituir temporariamente o atual procurador-geral de Ibirité, Wagner Fernandes Miguel, seu antecessor e sucessor. Ele ainda destacou que só esteve à frente do cargo por 10 meses.
A reportagem também tentou contato com a Prefeitura de Ibirité e com Luis Tibé. Em caso de resposta, este texto será atualizado.
