No indiciamento do deputado federal André Janones (Avante) por rachadinha, entregue nesta quinta-feira (12), a Polícia Federal (PF) mostra que um de seus assessores gastou R$ 360 mil a mais do que ganhou no período de 2019 a 2023.
O documento não tem sigilo e foi obtido por O Fator com a assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mário Celestino da Silva Júnior também foi indiciado. Segundo o site da Câmara, ele trabalha no gabinete de Janones desde 2019, tendo atualmente salário bruto de R$ 17 mil.
Diz a PF: “enquanto [Mário] liquidou, entre 2019 a 2023, pagamentos no cartão de crédito na ordem de R$ 1.169.592,61, as suas remunerações alcançaram, no período, apenas o montante de R$ 940.190,06″.
Ou seja: uma diferença de R$ 229 mil. E tem mais:
“Se adicionarmos ao cálculo outras rubricas a débito não alcançadas pelos pagamentos de cartões de créditos (transferências, saques, DOC, PIX, cheques, tarifas, impostos, etc.), a diferença chega a R$ 364.072,11, o que revela um expressivo descompasso entre os seus rendimentos e os seus gastos”.
Sobre o próprio Janones, a PF escreveu: “A análise fiscal demonstrou que houve uma Variação Patrimonial “a descoberto” do parlamentar, que poderia ser justificada a partir do dinheiro advindo da “rachadinha””.
A investigação mostrou uma diferença entre receitas e despesas, nos anos de 2019 e 2020, respectivamente, de R$ 64 mil e R$ 86 mil.
A PF cruzou ainda dados da fatura do cartão com a agenda de Janones. “Entre os gastos apontados na análise, chama a atenção o referente à hospedagem no Hotel Laghetto Viverone em Gramado/RS. Isso porque a utilização do cartão coincide com a data da seguinte postagem no instagram na qual o parlamentar afirmou que estaria na região”.
Os gastos foram reembolsados pela Câmara. Ou seja, para a PF, “além de o Deputado Federal ANDRÉ JANONES utilizar o dinheiro de seu assessor para cobrir algumas de suas despesas, ele também solicitava à Câmara dos Deputados o ressarcimento desses “gastos”, obtendo assim um benefício financeiro ilícito em duas frentes”.
O Fator procurou o gabinete de Janones e mandou mensagens para assessores, mas não obteve resposta.
A PF relatou que os indiciados exerceram o direito ao silêncio nos interrogatórios.
Muito ativo nas redes, Janones ainda não se manifestou sobre o indiciamento.