Integrantes do grupo denunciado na noite desta terça (18) pela tentativa de golpe de Estado cogitaram uma interferência em cidades de Minas Gerais durante o 2º turno da eleição de 2022.
Segundo a denúncia, Marília Ferreira de Alencar, delegada de carreira da Polícia Federal e Subsecretária de Inteligência do Ministério da Justiça na época dos fatos, está entre as pessoas que “coordenaram o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima” de Jair Bolsonaro no poder.
Prossegue a denúncia: “Após o primeiro turno das eleições de 2022, a Delegada de Polícia Federal MARÍLIA FERREIRA ALENCAR (…) solicitou a elaboração de um projeto de Business Intelligence (BI) voltado aos resultados eleitorais. O objetivo era coletar informações sobre os locais onde Lula da Silva havia obtido uma votação expressiva e onde BOLSONARO havia sido derrotado, com foco especial nos Municípios da Região Nordeste”.
Como a CNN Brasil mostrou, Marília disse já em 2023, em depoimento à PF, ter pedido a um servidor para fazer um boletim de inteligência com a relação de cidades onde Lula e Bolsonaro tiveram mais de 75% dos votos. Essa parte, portanto, não é novidade.
O que é novidade na denúncia é que cidades de Minas foram especialmente identificadas nessa operação.
“Outro arquivo, denominado “DADOS_EXTRAÇÃO”, continha planilhas com títulos como: “PSL”, “DEM”, “REPUBLICANOS”, “UNIÃO”, “PL”, “PP”, “CONCENTRAÇÃO MAIOR QUE 75% LULA”, “CONCENTRAÇÃO MAIOR QUE 75% BOLSO”, “MG MAIOR QUE 75% LULA” e “MG MAIOR QUE 50% BOLSO”, registra a denúncia.
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O texto da denúncia não traz mais informações sobre esse destaque para Minas, mas revela a intenção do grupo de interferir também fora do Nordeste.
“(…) MARÍLIA demonstrou intensa preocupação com as cidades em que Lula da Silva havia recebido maior número de votos. Disse: “pelotas foi 52×36 pro lula”, “202 mil habitantes”, “cara os caras tem que rodar essas bases”, “poa também foda”, “49×39 pro lula”. FERNANDO [Oliveira, ex-número 2 da Secretaria de Segurança Pública do DF e também denunciado hoje] respondeu “manda o rs tem muito eleitor pt”. Está claro o desvio de finalidade das ações policiais do grupo, orientadas ao propósito comum dos integrantes da organização criminosa de impedir, também mediante o emprego de atitudes de força, que o candidato agora denunciado fosse afastado do Poder”, acrescentou a PGR.
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