A articulação que culminou na escolha da deputada estadual mineira Macaé Evaristo (PT) para chefiar o Ministério dos Direitos Humanos teve, como esteio, um dos principais nomes dos bastidores petistas: Gleide Andrade. Tesoureira da Executiva nacional do país, ela foi uma das defensoras da indicação de Macaé — e, inclusive, intercedeu pela indicação da parlamentar durante conversa com a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.
Segundo soube O Fator, o diálogo aconteceu após o Palácio do Planalto levantar uma lista de possíveis substitutas de Silvio Almeida, demitido na semana passada em meio a acusações de assédio sexual. Diante do leque de opções, a tesoureira do PT advogou em prol da deputada estadual.
Ao lado do deputado federal Odair Cunha (MG), líder da bancada do PT na Câmara, Gleide e Macaé estiveram em Brasília (DF) nessa segunda-feira (9), em conversas prévias ao convite de Luiz Inácio Lula da Silva para que a parlamentar ocupasse o ministério.
Quando convidou Macaé para o ministério, Lula pediu à correligionária que não concorra a nenhum cargo eletivo em 2026. Embora tenha sido pega de surpresa com a solicitação, a parlamentar assentiu.
A ideia do presidente da República é evitar que os novos integrantes do governo tenham de deixar os cargos por pretensões eleitorais, ocasionando a nomeação de um novo ministro por pouco mais de um semestre em um ano que será marcado por disputa nas urnas.
Sem ‘espólio’ na Assembleia
A nomeação de Macaé para os Direitos Humanos já consta no Diário Oficial da União (DOU), o que torna vaga sua cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
Ao contrário do que costuma acontecer quando parlamentares são nomeados para cargos no Executivo, o suplente de Macaé, Hely Tarqüínio (PV), não recebeu o pedido para deixar parte de sua estrutura de gabinete, como cargos e emendas, à disposição da agora ministra.
Dois coelhos em uma cajadada
A demissão de Silvio Almeida fez com que Lula passasse a nutrir o desejo de nomear uma mulher negra para o Ministério dos Direitos Humanos. A escolha de Macaé, além de atender a esse requisito, também diminui queixas do PT mineiro por falta de espaço no primeiro escalão do governo federal.
Antes da indicação da deputada, vale lembrar, o estado só comandava um dos 39 ministérios: o de Minas e Energia, com Alexandre Silveira, filiado ao PSD.
Esta não será a primeira experiência de Macaé Evaristo no poder Executivo federal. Prima da escritora Conceição Evaristo, ela foi secretária de Educação em Belo Horizonte e no governo de Minas. Atuou, também, na estrutura do Ministério da Educação (MEC). Antes de ser deputada estadual, exerceu, de janeiro de 2021 a fevereiro de 2023, mandato de vereadora na capital mineira.