Os mais de 80 dias de licença médica do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), internado em um hospital da Região Central da cidade, não interromperam o cumprimento do plano de governo apresentado na eleição do ano passado. É o que garante o secretário municipal interino de Governo, Guilherme Daltro. As disputas por espaço no poder Executivo são, segundo ele, um dos aliados mais próximos do prefeito em exercício, Álvaro Damião (União Brasil), “retroalimentadas” por interesses de pessoas sem poder de interferência nas decisões tomadas pela administração municipal.
“É natural que exista um certo nível de discordância entre os nomes mais ligados a Fuad e a Damião, mas isso nunca interferiu na tomada de decisões. Acredito que essa disputa é retroalimentada por pessoas que querem aparecer e não têm nenhuma influência nas decisões mais estratégicas que tomamos diariamente”, disse, a O Fator, nesta terça-feira (25).
De acordo com Daltro, a cúpula da Prefeitura de BH tem seguido as diretrizes dadas por Fuad no fim do ano passado, antes do início do período de afastamento.
“O balanço desses três primeiros meses é extremamente positivo. Todas as áreas da prefeitura funcionam normalmente. Por isso, não aceitamos essas insinuações de que a cidade está parada. Pelo contrário: o prefeito em exercício Álvaro Damião vem liderando todas as entregas previstas pela administração para este trimestre”, avaliou
Como O Fator mostrou na semana passada, eventuais nomeações para postos no secretariado belo-horizontino só vão ser definidas após a volta de Fuad ao trabalho. Até lá, o poder Executivo vai se concentrar em preencher cargos no segundo escalão, como a Coordenadoria Especial de Vilas e Favelas.
Conforme o chefe da pasta de Governo, o fato de não haver, neste momento, uma projeção de data para o retorno de Fuad não modifica o plano de esperar o fim da licença do prefeito para o anúncio de possíveis mudanças no primeiro escalão.
“Mesmo as secretarias que hoje são geridas de forma interina seguem cronogramas pré-definidos de ações e projetos. Em todos os diálogos com dirigentes dos partidos que apoiaram nossa campanha, reafirmamos abertamente a premissa de que mudanças no primeiro escalão dependerão de um prognóstico mais concreto no que diz respeito ao estado de saúde do prefeito licenciado”, pontuou.
Melhora na relação com a Câmara
Após um início de ano conturbado por causa das feridas deixadas por causa da disputa entre Juliano Lopes (Podemos) e Bruno Miranda (PDT) pela presidência da Câmara, Guilherme Daltro enxerga melhoras na relação entre Executivo e Legislativo. Juliano, o vencedor da eleição, é aliado do secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP), enquanto Miranda teve a candidatura referendada por Álvaro Damião.
“Tive recentemente uma longa conversa com o presidente Juliano Lopes. Avançamos no entendimento de que os embates fazem parte do jogo democrático, mas que uma oposição cega e sistemática contra a prefeitura acabaria se tornando uma oposição à cidade”, ponderou.
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A evolução no diálogo entre os Poderes, aliás, é ratificada por Juliano Lopes. Em entrevista a O Fator no início do mês, o presidente da Câmara garantiu que tem mantido com Damião o que classificou como “diálogo construtivo pelo bem da cidade”.
“O Legislativo é um poder independente da prefeitura, mas isso não impede que possamos trabalhar em defesa dos interesses comuns da população de Belo Horizonte”, indicou.