Lucas Ragazzi
Após duas explosões registradas na noite desta quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, a União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN (Intelis) emitiu nota pública manifestando preocupação com o incidente e alertando sobre o sucateamento do órgão de inteligência.
As explosões resultaram na morte de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, ex-candidato a vereador pelo PL em Rio do Sul (SC) em 2020. A primeira explosão ocorreu em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), próximo à estátua da Justiça, quando o homem teria detonado explosivos que carregava no corpo. A segunda explosão envolveu um carro no estacionamento do anexo 4 da Câmara dos Deputados.
Antes das explosões, Francisco havia circulado durante o dia pelo anexo 4 da Câmara, onde se concentram os gabinetes parlamentares. A informação foi confirmada pelo chefe de segurança da Casa aos deputados.
Alerta da Intelis
Na nota, a Intelis expressa “preocupação e repúdio a atos extremistas” e apresenta um cenário preocupante sobre as condições atuais da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Entre os principais problemas apontados estão:
- Menor orçamento dos últimos 14 anos, considerando a inflação
- Vacância de 80% dos quadros funcionais
- Restrições crescentes a ferramentas tecnológicas e bancos de dados
- Burocratização excessiva dos processos
- Falta de amparo legal e arcabouço normativo robusto
- Retirada unilateral do projeto de câmeras na esplanada pela ABDI
- Baixa participação efetiva no G20 devido a limitações orçamentárias
A entidade ressalta que “infelizmente, nosso órgão vem sendo continuamente sucateado e vive hoje um cenário alarmante, que cada vez mais dificulta nossa missão de garantir a segurança e a soberania do Brasil.”
O incidente provocou a suspensão da sessão na Câmara dos Deputados, onde parlamentares discutiam um texto sobre ampliação da imunidade tributária para igrejas. A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, confirmou em coletiva de imprensa que o homem morto era o proprietário do veículo explodido.
A Intelis finaliza a nota afirmando que seus profissionais continuarão trabalhando incansavelmente pelo país, mas adverte que “nessa atividade, ter somente boa vontade não é o suficiente.”
